O Governo reconhece que os salários dos trabalhadores da Groundforce em maio poderão estar em risco, uma vez que a TAP não tem condições de voltar a ajudar a empresa, disse o secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Hugo Santos Mendes.
"Vamos esperar que não cheguemos a uma situação em que o cenário de insolvência se possa colocar, mas o que podemos dizer é que a TAP não está em condições de ajudar mais a Groundforce. Isso é claro", referiu Hugo Santos Mendes, em entrevista ao programa Tudo é Economia, da RTP3, na terça-feira.
Questionado sobre se os salários de maio estão, por isso, em risco, o secretário de Estado apenas confirma que os de abril estão assegurados.
"Os salários de abril estão garantidos, os salários de maio não temos informação, nem num sentido nem no outro", adiantou o secretário de Estado.
Perante a situação, o Governo espera que possam ser alcançados desenvolvimentos nas negociações entre a Pasogal e a entidade privada:
"Os trabalhadores sabem que a TAP não vai auxiliar a Groundforce em maio, se for necessário, portanto vamos esperar que este processo de negociação entre a Pasogal e a essa entidade privada chegue a bom porto", acrescentou.
A 19 de março, depois de várias negociações, a Groundforce e a TAP chegaram a um acordo, em que a companhia aérea adquiriu por cerca de sete milhões de euros equipamentos da empresa de 'handling' (assistência nos aeroportos), que passa a pagar à TAP pelo aluguer deste material. Este acordo permitiu desbloquear provisoriamente o impasse na empresa e pagar os salários em atraso aos 2.400 trabalhadores.
O acordo foi fechado com três votos a favor -- os dois administradores nomeados pela TAP e o presidente executivo da empresa de 'handling', Paulo Neto Leite --, a abstenção do presidente do Conselho de Administração, Alfredo Casimiro, e um voto contra, disse então à Lusa fonte ligada ao processo.
Segundo adiantou à Lusa a mesma fonte, os dois administradores da Groundforce nomeados pela TAP, acionista minoritário (49,9%), aprovaram o acordo, a que se juntou o presidente executivo da empresa de 'handling', Paulo Neto Leite (nomeado pela Pasogal), que já tinha manifestado na véspera a sua intenção de validar o acordo proposto pela TAP.
Por seu lado, o presidente da Pasogal absteve-se e o outro administrador nomeado pelo acionista privado, Gonçalo Carvalho, votou contra.
A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal e em 49,9% pelo grupo TAP, que, em 2020, passou a ser detido em 72,5% pelo Estado português e que é acionista minoritário e principal cliente da empresa que presta assistência nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Porto Santo.
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