De acordo com fonte policial citada pela agência noticiosa AFP, cerca de 6.000 pessoas desfilaram em Atenas no decurso de diversos protestos, enquanto também decorriam manifestações em outras grandes cidades do país.
O movimento grevista, o segundo numa semana após uma greve nacional da terça-feira, implicou a paralisação dos serviços públicos, incluindo a maioria dos transportes em Atenas, à exceção dos autocarros, e ainda perturbações nos serviços de 'ferryboat'. Diversos voos também foram anulados ou reprogramados após a adesão aos protestos dos controladores aéreos.
Segundo o Governo de direita de Kyriakos Mitsotakis, o projeto de lei introduz uma flexibilidade opcional das horas de trabalho, fixa as regras do teletrabalho e inclui garantias contra o assédio sexual no local de trabalho.
Na quarta-feira, a porta-voz do Governo Aristotelia Peloni declarou que a reforma "atualiza a legislação ao século atual, às reais necessidades dos empregados de hoje".
O ministro do Trabalho, Costis Hatzidakis, optou por sublinhar que as novas regras permitem ao pessoal negociar com a direção a possibilidade de trabalhar mais horas durante uma parte do ano, e de seguida garantir mais dispensas.
Para os partidos da oposição, a reforma constitui "um doloroso recuo" em termos de direitos do trabalho, com diversos críticos a afirmarem que oficializa a exploração das horas extraordinárias por patrões sem escrúpulos, e que já se pratica desde há alguns anos.
"As horas extraordinárias não remuneradas são um problema central do mercado de trabalho grego (...) e foram desmantelados os mecanismos de inspeção do trabalho", defendeu Nassos Iliopoulos, porta-voz do Syriza (esquerda), principal força da oposição, em declarações à estação televisiva Skai TV.
Iliopoulos sublinhou ainda que, no âmbito do novo sistema, os trabalhadores foram privados de negociar contratos coletivos, ficando, desta forma, à mercê dos patrões.
"É uma proposta para uma mão de obra flexível e mal paga, uma proposta do passado", declarou.
Os sindicatos também se opõem às alterações previstas pela nova lei e relacionadas com a convocação de greves, na sequência de uma proposta do Governo que sugere o início da votação à distância dos filiados.
A Grécia saiu em 2018 de uma década desastrosa em torno da designada "crise da dívida", com constantes pressões da 'troika' de credores internacionais, aumentos de impostos e redução de despesas, que motivaram o desaparecimento de milhares de empregos e provocaram o êxodo de numerosos gregos, em particular jovens e que possuíam elevada formação.