"É mais fácil enterrar uma empresa e depois ir aos contribuintes pedir o dinheiro do que tratar um empresário em dificuldades, que é essa a função de um banco", disse o empresário hoje no parlamento, referindo-se ao Acordo de Capitalização Contingente pelo qual o Novo Banco pode ser compensado por perdas através do Fundo de Resolução.
Para João Gama Leão, se "perguntam ao Novo Banco, que tem um cofre público por detrás", se é mais fácil "salvar" uma empresa ou "afundá-la de vez e pedir o dinheiro aos contribuintes", é "óbvio que é mais fácil" a segunda opção.
"Eu não sei que contrato é que o Estado fez com o grupo americano [Lone Star], mas há uma coisa para mim que é óbvia: ao Novo Banco, é muito mais fácil ter problemas do que ter vantagens. Essa é a lógica económica que criaram. Ter problemas hoje é muito mais vantajoso", considerou.
O gestor da Prebuild, que deve mais de 300 milhões de euros ao Novo Banco, falava na sua audição na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.
João Gama Leão disse que o Novo Banco "vai buscar liquidez com alguma facilidade", ao abrigo do acordo que permite que Fundo de Resolução compense as perdas da instituição financeira.
Em 2017, aquando da venda de 75% do banco à Lone Star, foi criado um mecanismo de capitalização contingente, pelo qual o Fundo de Resolução se comprometeu a, até 2026, cobrir perdas com ativos 'tóxicos' com que o Novo Banco ficou do BES até 3.890 milhões de euros.
O Novo Banco já consumiu 2.976 milhões de euros de dinheiro público e, pelo contrato, pode ir buscar mais 914 milhões de euros.
O Novo Banco teve prejuízos de 1.329,3 milhões de euros em 2020, um agravamento face aos 1.058,8 milhões registados em 2019. Já quanto ao valor a pedir ao Fundo de Resolução, o Novo Banco indicou que serão 598,3 milhões de euros.
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