De acordo com dados do relatório e contas de 2020 do banco central cabo-verdiano, a que a Lusa teve hoje acesso, até 2020 a instituição não possuía qualquer reserva em ouro, mas fechou o ano com um peso de 6,68% daquele metal nos ativos da instituição, que globalmente ascendiam em 31 de dezembro a mais de 81.632 milhões de escudos (736,6 milhões de euros).
"No âmbito da estratégia de diversificação dos investimentos em reservas cambiais, num contexto de escassez de oportunidades de rentabilização das reservas, o investimento em ouro tem-se revelado oportuno, tendo em conta o seu estatuto de ativo de refúgio. Neste sentido, o Banco de Cabo Verde iniciou, em agosto de 2020, uma estratégia de investimento em ouro, cuja posição, em 31 de dezembro de 2020, ascende a 5.454.216 milhares de escudos [49,2 milhões de euros], correspondente a uma tonelada (32.000 onças troy)", lê-se no relatório e contas.
O documento acrescenta que a quantidade do ouro adquirida "manteve-se inalterada, desde setembro de 2020, em uma tonelada".
Contudo, o relatório e contas também identifica "perdas verificadas com a reavaliação do ouro" no final de 2020, avaliadas em 237.631.000 escudos (2,1 milhões de euros).
Esta queda é explicada pela descida no valor da cotação internacional da onça de ouro, que passou de 1.971,22 dólares no final de setembro para 1.777,38 dólares em dezembro.
Nos ativos do Banco de Cabo Verde, a maior parte é relativa a ativos sobre o exterior (quase 75%) - fortemente afetada pela desvalorização cambial dos ativos em dólares norte-americanos -, e quase 6% em títulos nacionais.
Cabo Verde junta-se à lista de países de língua portuguesa que, segundo a organização World Gold Council, detêm reservas de ouro, a qual era liderada no final de 2020 por Portugal (14.º mundial, 383 toneladas).
O Brasil detinha 67,36 toneladas e Moçambique 3,93 toneladas, segundo o mesmo relatório.
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