As previsões da primavera -- um dos dois exercícios anuais de projeções a dois anos feito por Bruxelas que engloba um conjunto alargado de indicadores macroeconómicos para a zona euro e para o conjunto da UE -- são divulgadas depois de um primeiro trimestre em que a economia europeia continuou a ser fortemente condicionada pela pandemia, designadamente por longos confinamentos na generalidade dos Estados-membros e uma campanha de vacinação que arrancou aos 'soluços'.
De acordo com o Eurostat, entre janeiro e março deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro recuou 1,8% e o do conjunto dos 27 Estados-membros 1,7%, face aos primeiros três meses de 2020 -- e 0,6% e 0,4%, respetivamente, face ao trimestre anterior -, o que poderá levar a Comissão a rever em baixa, mais uma vez, as suas projeções.
Em fevereiro, por ocasião das previsões intercalares de inverno -- que, tal como as de verão, apenas contemplam o PIB e a inflação -, Bruxelas projetava que a economia da área do euro crescesse 3,8% este ano e a da UE 3,7%, o que já representava uma revisão em baixa face às anteriores projeções de outono. Para 2022, a Comissão projetou que a zona euro mantivesse o mesmo ritmo de crescimento (3,8%) e que o PIB da União aumentasse 3,9%.
Relativamente a Portugal, a Comissão antecipava em fevereiro passado um crescimento do PIB no corrente ano de 4,1% - uma forte revisão em baixa face às projeções de novembro do ano passado, de 5,4% -, tendo, em contrapartida, revisto em alta a expectativa de crescimento para 2022, de 3,5 para 4,3%.
O próprio Governo já reviu em baixa as suas expectativas para este ano, ao antecipar, há sensivelmente um mês, por ocasião da aprovação do Programa de Estabilidade 2021/2025, que a PIB cresça 4% este ano -- contra os 5,4% previstos por ocasião do Orçamento do Estado para 2021 -, estimando que acelere para 4,9% em 2022.
Tanto em Bruxelas como em Lisboa, as expectativas são de que a situação económica melhore substancialmente no segundo semestre deste ano, face aos progressos na vacinação e melhoria da situação pandémica, e à implementação do fundo de recuperação «NextGenerationEU», o pacote de 750 mil milhões de euros acordado pela UE para superar a crise, cujos primeiros desembolsos poderão ter lugar já em julho, após a aprovação dos planos nacionais de recuperação e resiliência.
As previsões da primavera da Comissão serão apresentadas hoje em conferência de imprensa em Bruxelas pelo comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, às 11:00 locais, 10:00 de Lisboa.
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