As previsões macroeconómicas da primavera, hoje divulgadas pelo executivo comunitário, invertem a tendência registada nos anteriores exercícios de projeções macroeconómicas desde a chegada da pandemia da covid-19 à Europa, que levou a Comissão a sucessivas revisões em baixa, tendo agora Bruxelas melhorado consideravelmente as previsões de inverno divulgadas em fevereiro passado.
Há três meses, a Comissão, apontando que a economia europeia permanecia "nas garras da pandemia da covid-19", estimava que em 2021 o Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro crescesse 3,8% e o da União Europeia 3,7%, tendo então agora melhorado em ambos os casos as previsões de crescimento em meio ponto percentual.
Para 2022, Bruxelas melhorou a perspetiva de crescimento para as economias da área do euro de uma subida do PIB de 3,8% (antecipada no inverno) para 4,4%, e no conjunto dos 27 Estados-membros de 3,9% também para 4,4%.
Em 2020, a economia do espaço da moeda única contraiu 6,6% e a do conjunto da União 6,1%.
O executivo comunitário justifica este seu maior otimismo com os efeitos na economia da campanha de vacinação e o levantamento progressivo das restrições nos Estados-membros, que Bruxelas acredita que levará a um aumento do consumo privado, investimento e um aumento da procura das exportações da UE num cenário de fortalecimento da economia a nível global.
A Comissão nota, todavia, que o apoio que os Estados têm prestado às famílias e empresas, "vital para mitigar o impacto da pandemia na economia", levou a um aumento considerável da dívida pública, que deverá aumentar este ano meio ponto percentual, para 7,5% do PIB na UE e 8% na zona euro, com todos os países à exceção de Dinamarca e Luxemburgo a apresentarem este ano um défice superior ao limiar de 3% inscrito no Pacto de Estabilidade e Crescimento, cujas regras estão atualmente suspensas.
"A sombra da covid-19 está a começar a deixar de encobrir a economia europeia. Após um fraco início do ano, projetamos um forte crescimento tanto em 2021 como em 2022", observou numa primeira análise o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, manifestando-se confiante de que o impacto do pacote de recuperação «NextGenerationEU» "começará a fazer-se sentir".
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