A redução dos impactos ambientais das atividades militares traz "vantagens operacionais no médio prazo" também quanto à "dependência de recursos de regiões instáveis", podendo "contribuir favoravelmente para a reputação de missões no exterior, particularmente em áreas frequentemente afetadas pela escassez", sublinhou João Gomes Cravinho, na Segunda Conferência da 3.ª fase do Fórum de Consulta para a Sustentabilidade Energética no setor da Defesa e Segurança.
Defendendo "equipamentos eficientes e tecnologias de ponta com níveis mais elevados de eficiência energética", o responsável apontou que capacidades de defesa mais eficientes "não serão apenas mais baratas de manter, mas também mais resilientes e autónomas e menos dependentes de cadeias logísticas longas e pesadas que podem ser e muitas vezes foram facilmente interrompidas".
João Gomes Cravinho destacou o facto de a União Europeia (UE) e a NATO estarem "ativamente empenhadas" na integração das alterações climáticas no pensamento de defesa europeu, assumindo a defesa do clima como uma "prioridade estratégica fundamental para a cooperação multilateral" de ambas as instituições.
Também o papel da Agência Europeia de Defesa (EDA, na sigla em inglês) na ajuda aos Estados-membros quanto ao "desenvolvimento de capacidades de defesa para lidar com os desafios relacionados com o clima" é "fundamental", realçou, o que inclui "capacidades e infraestruturas militares mais ecológicas, mais eficientes em termos energéticos e resilientes".
Segundo o ministro, também a Bússola Estratégica, uma das grandes prioridades da presidência portuguesa, "está a abordar as alterações climáticas nos quatro eixos - gestão de crises, capacidades, parcerias e resiliência".
"O Pacto Ecológico Europeu está, portanto, totalmente integrado no pensamento em curso sobre clima e segurança", assinalou.
Estas colaborações, de acordo com João Gomes Cravinho, têm sido úteis para Portugal "nos seus esforços de atualização da informação e das práticas climáticas e energéticas na Defesa nacional".
O Ministério da Defesa português, disse o ministro, participa "ativamente em várias iniciativas e projetos" da EDA, nomeadamente no "Grupo de Trabalho Energia e Ambiente" desde a sua criação, em 2014, nos cursos de Gestão de Energia de Defesa e no projeto Smart Blue Water Camps.
João Gomes Cravinho referiu ainda o desenvolvimento da Diretiva de Defesa Nacional do Ambiente, que data de 2020, e, no setor da economia de defesa, deu o exemplo do projeto "H2Navy" e de um outro desenvolvido pela empresa pública ETI, nos quais "as preocupações ambientais já foram incorporadas positivamente".
O "H2Navy" visa "criar as condições tecnológicas para a utilização em larga escala do hidrogénio nos navios da Marinha Portuguesa", enquanto o projeto da ETI "fornece soluções de simulação de treino para aeronaves e veículos", chamado por vezes de "treino verde", explicou.
Em conclusão, o ministro sublinhou que "tornar as infraestruturas militares mais eficientes e resilientes do ponto de vista energético também será fundamental no quadro do debate da UE sobre a autonomia estratégica", porque "proporcionará uma maior resiliência à Europa face aos choques externos".
Organizada pelo Ministério da Defesa Nacional e pela EDA, no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da UE, esta conferência tem por objetivo criar uma comunidade relacionada com a energia de defesa para partilhar informações, conhecimentos e melhores práticas sobre a melhoria da gestão energética, aumento da eficiência energética e do desempenho dos edifícios, utilização de fontes de energia renováveis e reforço da resiliência das infraestruturas energéticas críticas no setor da defesa.
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