"Os despedimentos agora anunciados são mais uma fase da destruição da empresa, a partir da privatização da Portugal Telecom, em que os interesses privados, com o objetivo de lucro, se sobrepõem aos interesses públicos do país, e aos direitos dos trabalhadores, por decisão e com a conivência de sucessivos governos", refere a CGTP, em comunicado, salientando que "desde a privatização foram já destruídos neste grupo milhares de postos de trabalho".
Face ao anúncio de despedimento coletivo, anunciado em junho, de cerca de 300 pessoas, "a CGTP-IN e os seus sindicatos lutarão e intervirão com todos os meios ao seu alcance na defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores e dos interesses do país, tendo já solicitado uma reunião com o primeiro-ministro", António Costa, adiantam.
"A CGTP-IN solidariza-se com os trabalhadores das empresas do grupo Altice, na luta contra mais este ataque do patronato e apoia as ações já anunciadas pelas organizações dos trabalhadores, das quais se destaca a greve e concentração no próximo dia 21 de julho", salienta.
Entretanto, a Comissão de Trabalhadores (CT) da Meo informou que vai ser recebida em audiência, na terça-feira, pelo cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, sendo o tema "o despedimento coletivo de 246 trabalhadores da Altice Portugal", refere outro comunicado.
Esta é a primeira vez que a Altice Portugal avança para um despedimento coletivo.
As saídas voluntárias no âmbito do Programa Pessoa da Altice totalizaram as 1.100 este ano.
Em 22 de junho, a Altice Portugal anunciou que iria avançar com um processo de rescisão dos contratos de trabalho através de despedimento coletivo, no âmbito do Plano Integrado de Reorganização.
A Altice Portugal sublinhou, na altura, tratar-se de "uma decisão difícil, mas que se afigura como indispensável, essencialmente devido ao contexto muito adverso que se vive no setor das comunicações eletrónicas".
A empresa liderada por Alexandre Fonseca elencou "o ambiente regulatório hostil, a falta de visão estratégica do país, o contínuo, lamentável e profundo atraso do 5G, bem como a má gestão deste dossiê, e ainda as múltiplas decisões unilaterais graves da Anacom [Autoridade Nacional de Comunicações] e de outras autoridades, sempre com a cobertura da tutela, e que ao longo dos últimos quatro anos destruíram significativamente valor".
Este contexto, salientou a Altice Portugal, "reforça e precipita a necessidade de se tomar decisões sempre difíceis, mas que se impõem num mercado desde logo exigente, mas cujo futuro é, no atual momento, cada vez mais incerto".
A escolha do mecanismo de despedimento coletivo "é realizada tendo presente que é o único meio que pode garantir aos trabalhadores o acesso a medidas de proteção social, nomeadamente ao subsídio de desemprego", acrescentou a mesma fonte.
O processo "abrange menos de três centenas de trabalhadores, a quem será dada a possibilidade de aceitarem condições de saída muito vantajosas quando comparadas às previstas na lei", explicou fonte oficial, na altura.
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