"Margens de comercialização dos combustíveis batem máximos", diz a ENSE

A Entidade Nacional para o Setor Energético atribui a subida do preço dos combustíveis, em máximos de dois anos, mais ao aumento dos preços antes de impostos e das margens brutas do que ao aumento da fiscalidade. Por outro lado, a Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas tem vindo a atribuir o nível atual de preços nos combustíveis, superior a 2008, ainda que a cotação do petróleo seja inferior, à incorporação de biocombustíveis e à elevada carga fiscal.

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Notícias ao Minuto com Lusa
14/07/2021 10:28 ‧ 14/07/2021 por Notícias ao Minuto com Lusa

Economia

Combustíveis

As margens de comercialização dos combustíveis bateram máximos durante a pandemia. A conclusão é do estudo 'Análise da Evolução dos Preços de Combustíveis em Portugal', da Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE), divulgado esta quarta-feira, numa altura em que os preços do gasóleo e da gasolina estão em níveis que já não eram atingidos há vários anos

"Avaliados os preços dos combustíveis durante o ano de 2020 e 2021, a ENSE - Entidade Nacional para o Setor Energético E.P.E. constatou que a margem média anual foi superior à média registada em 2019, período anterior à pandemia", pode ler-se num comunicado a que o Notícias ao Minuto teve acesso. 

A análise do regulador "evidencia que, durante os meses críticos da pandemia, os preços médios de venda ao público desceram a um ritmo claramente inferior à descida dos preços de referência". 

Com isto, as margens dos comercializadores atingiram em 2020 "máximos do período em análise" - na gasolina, com 36,8 cêntimos por litro (cts/l), a 23 de março; e no gasóleo, com 29,3 cts/l, a 16 de março, especifica a ENSE. 

Preços dos combustíveis estão em máximos de dois anos

"A análise da ENSE confirma ainda que os preços médios de venda ao público estão em máximos de dois anos, em todos os combustíveis, sendo que esta subida é mais justificada pelo aumento dos preços antes de impostos e das margens brutas do que pelo aumento da fiscalidade", pode ler-se no mesmo comunicado. 

De acordo com o regulador, na quarta-feira, 30 de junho 2021, a margem apurada sobre a gasolina era superior à margem média praticada em 2019 em 0,069€ (ou +36,62% e no caso do gasóleo a margem no último dia do mês de junho era 0,01€ superior à média do ano de 2019 (ou +5.08%).

Por outro lado, a Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (APETRO) tem vindo a atribuir o nível atual de preços nos combustíveis, superior a 2008, ainda que a cotação do petróleo seja inferior, à incorporação de biocombustíveis e à elevada carga fiscal.

"Especula-se bastante porque é que estando a cotação do petróleo e dos refinados muito abaixo dos valores de pico de 2008, os preços de venda nas bombas são superiores a esse período", diz a Apetro, numa nota enviada hoje.

A associação apresenta, na mesma nota, dois gráficos que detalham os preços nas semanas de 07 de julho de 2008 e de 28 de junho de 2021, concluindo que "a explicação para o aumento do preço está no sobrecusto da incorporação de biocombustível e sobretudo na carga fiscal" (ISP - Imposto Sobre Produtos Petrolíferos e ao IVA - Imposto sobre o Valor Acrescentado).

Várias dezenas de pessoas manifestaram-se, no domingo, pelas ruas de Lisboa contra o preço dos combustíveis, com a organização a considerar a situação "insuportável e insustentável" para o país e a exigir uma redução dos valores.

Gritando palavras de ordem como "o Estado que mente põe a gente doente", "nós só queremos os impostos a baixar", "a gasolina está cara", "chega de valores abusivos", "isto é um assalto" ou "Governo baixa o gasóleo", os manifestantes saíram da Praça do Saldanha até ao Marquês de Pombal e desceram a Avenida da Liberdade, em direção ao Rossio.

Leia Também: Manifestantes pedem redução do preço dos combustíveis no centro de Lisboa

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