Segundo Fernanda Moreira, dirigente da distrital de Aveiro do Sindicato Nacional dos Profissionais da Indústria e Comércio do Calçado, Malas e Afins, todos os funcionários da empresa estão devidamente informados sobre a situação e, no regresso das férias, deverão cumprir as últimas semanas de trabalho de acordo com a sua antiguidade contratual -- o que, "em alguns casos, ainda representa 75 dias, porque há pessoas que estão há mais de 30 anos na fábrica".
A mesma diretora sindical disse à Lusa que "em 2019 a situação já não estava fácil" para a firma e que a crise gerada pela pandemia de covid-19 veio agravar-lhe os problemas e reduzir ainda mais a procura, pelo que, "sem encomendas", a administração "decidiu encerrar em definitivo enquanto ainda tem dinheiro para pagar os direitos todos aos trabalhadores".
"Este não é um daqueles casos em que a empresa diz que vai fechar para depois se reestruturar e aparecer com outro nome. Eles estão a fazer tudo dentro da lei e, pelo menos por enquanto, os trabalhadores até dispensaram a intervenção do sindicato", realçou.
Quanto às futuras perspetivas laborais dos profissionais agora dispensados, a sindicalista acredita que essas vão depender da evolução regional da generalidade do setor.
"Muitos destes trabalhadores não vão arranjar mais emprego porque já estão quase na idade da reforma, mas outros são muito bons cortadores, por exemplo, e, com sorte, devem ser chamados para outras fábricas", explicou.
A Lusa já contactou a empresa Armando Silva S.A., mas a respetiva administração ainda não prestou esclarecimentos sobre o assunto.
No seu 'site' oficial, a firma informa que "foi fundada em 1946 por Armando Luís da Silva numa pequena oficina de calçado, com um sistema de produção artesanal e 12 trabalhadores". Em 1968, quando a unidade se mudou para instalações maiores, já empregava quase 30 funcionários.
"Em 1975 transformou-se numa sociedade por quotas, com a entrada para a sociedade de mais um sócio, Manuel Adriano da Silva, adotando a denominação social Armando Silva, Lda.", lê-se na mesma página.
A empresa passou entretanto a sociedade anónima, fabricando atualmente as marcas Yucca, Gino Bianchi e Di Stilo, além da própria Armando Silva. Detém também o 'site' de 'e-commerce' Stepforward, exclusivo para artigos da sua própria produção.
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