"Penso que o prazo esperado de atraso das obras talvez seja reduzido porque apontámos um ano como o tempo necessário para permitir o recomeço do projeto, mas olhando para a situação, hoje, penso que não vai ser esse o caso, estamos a fazer o nosso melhor", disse o governante, mostrando-se otimista na redução do prazo, estimado para abril do próximo ano.
Respondendo a uma pergunta do diretor do departamento africano do Fundo Monetário Internacional (FMI) durante o quarto Fórum sobre a Resiliência em África, no painel 'O nexo entre segurança, crescimento económico e investimento', organizado pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Adriano Maleiane mostrou-se otimista no recomeço das obras antes do prazo de suspensão de um ano avançado pelas autoridades.
"A perspetiva é boa porque a paz está a manter-se, as pessoas deslocadas estão a voltar às suas casas, e estamos agora no processo de criar condições para voluntariamente virem para casa e não simplesmente desejar vir para casa um dia", acrescentou o ministro.
A petrolífera francesa Total, líder do projeto da Área 1 no norte de Moçambique, suspendeu os trabalhos na instalação perto de Palma a 24 de março, no dia em que a cidade foi atacada pelos insurgentes, e um mês depois anunciou a suspensão de todo o projeto por tempo indeterminado.
Avaliado entre 20 e 25 mil milhões de euros, o megaprojeto de extração de gás da Total é o maior investimento privado em curso em África, suportado por diversas instituições financeiras internacionais e prevê a construção de unidades industriais e uma nova cidade entre Palma e a península de Afungi.
A primeira exportação de gás liquefeito está prevista para 2024, o mesmo ano em que a despesa de Moçambique em servir a dívida pública conhecerá um aumento significativo, resultante do adiamento da subida dos juros para o ano em que as receitas deveriam aumentar por via das exportações de gás.
O conflito armado entre forças militares e insurgentes em Cabo Delgado já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.