Governo afasta aumentos no Estado. "Cenário macroeconómico não permite"

Depois de um encontro com os sindicatos, a ministra da Administração Pública disse que não há, neste momento, condições para aumentos salariais gerais no Estado - além da remuneração mínima.

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Notícias ao Minuto
04/10/2021 14:45 ‧ 04/10/2021 por Notícias ao Minuto

Economia

Função Pública

A ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, afastou hoje a possibilidade de haver aumentos salariais generalizados na função pública no próximo ano devido ao atual cenário macroeconómico.

"É desejo que isso possa acontecer. Neste momento, face ao cenário macroeconómico, não estamos a propor [aumentos salariais] e não creio que possamos propor. Agora, naturalmente, que até ao encerramento das negociações pode haver novidades, mas não creio haja nesta matéria", afirmou a ministra.

Alexandra Leitão falava no final da primeira ronda negocial com as estruturas sindicais relativas à negociação geral anual.

"O que eu manifestei dentro das reuniões é que é desejo do Ministério da Administração Pública e, em geral, do Governo, que pudéssemos ter aumentos generalizados e designadamente em linha com aquele 1% que foi referido em outubro de 2019 e que acabou por não se concretizar", mas "o cenário macroeconómico não nos permite ainda fazê-lo", disse ainda a ministra.

A governante indicou que em janeiro haverá o aumento do salário mínimo nacional, que terá também reflexo na Administração Pública.

As declarações de Alexandra Leitão surgem já depois de o secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), José Abraão, ter dito que os aumentos salariais para 2022 na função pública "não são matéria fechada" e que o Governo manifestou vontade de cumprir a promessa de uma atualização de 1%. 

Por outro lado, antes, a presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), Helena Rodrigues, adiantou que o Governo não avançou com qualquer proposta de aumentos salariais para 2022 na primeira reunião negocial com as estruturas sindicais, indicando que apenas foi proposta a fixação de um subsídio para assistentes operacionais.

José Abraão considerou que os resultados da reunião de hoje "traduzem-se nalguma frustração" pois as medidas propostas no âmbito do OE2022 "ficam muito aquém daquilo que eram as expectativas dos trabalhadores".

Negociações prosseguem na quinta-feira

Esta é a primeira ronda negocial com os sindicatos, estando agendada outra para quinta-feira.

No ano passado, as negociações anuais também arrancaram dias antes da entrega do OE2021 no parlamento, sem que o Governo tenha avançado com uma proposta de aumentos salariais.

A questão salarial foi discutida já no início de 2021 e resultou em aumentos de 20 euros para a primeira remuneração base da função pública, para os 665 euros (valor igual ao do salário mínimo nacional) e em 10 euros para os salários que se situavam entre os 665 e os 791,91 euros.

Alexandra Leitão disse na altura que os aumentos em 2021 abrangeram todos os trabalhadores com salário inferior a 800 euros, o que se traduziu em 148 mil trabalhadores abrangidos e numa despesa de 41 milhões de euros.

O número de trabalhadores das administrações públicas é superior a 700 mil.

Leia Também: FESAP. Aumentos salariais para o próximo ano "não estão fechados"

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