Em entrevista à Efe na residência do embaixador brasileiro em Paris, o ministro esclareceu que seu país "não está ausente" dos debates globais e refutou críticas ao Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, pelas políticas para o meio ambiente e combate à pandemia.
Ao ser questionado sobre o acordo da UE com o Mercosul (bloco integrado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), o ministro considerou que seu país poderá "fazer um acordo anexo em relação aos compromissos ambientais para reforçar esse compromisso".
"O que não queremos é que um acordo que levou 20 anos para ser negociado tenha que ser reaberto para incluir novas regras. Esse aspeto ambiental já está bem avançado", acrescentou.
"É um acordo muito bom para a Europa, alguns até acham que é melhor para a Europa do que para o Brasil, mas também será muito importante para o Mercosul", vincou.
O acordo de livre comércio entre UE e o Mercosul foi fechado em junho de 2019, depois de 20 anos de negociações, e agora aguarda aprovação dos países-membros dos dois blocos.
O pacto abrange um universo de 740 milhões de consumidores, que representam um quarto da riqueza mundial.
O representante do Governo brasileiro também disse que as supostas divergências entre os governos do Brasil e Argentina devem ser superadas com ações de cooperação.
"A Argentina é fundamental para o Brasil e vice-versa. Não há Mercosul se Brasil e Argentina não estiverem juntos. (...) Nossa linha é superar a rivalidade pela cooperação (...) A distância entre direita e esquerda, conservadora ou liberal, não nos impede de ter boas relações com o próximo", defendeu o ministro brasileiro.
Na entrevista, França mostra um discurso num tom oposto ao de seu antecessor, Ernesto Araújo, que, por exemplo, negava o fenómeno do aquecimento global.
"No dia 22 de abril, o Presidente [dos Estados Unidos, Joe] Biden deu ao Brasil a oportunidade de mostrar avanços nessa área ambiental (...) Vamos atrair a tecnologia necessária para desenvolver o hidrogénio verde no Brasil, o que pode ser feito com fontes eólicas e solar em poucos países do mundo, incluindo o Brasil. Isso facilitará o diálogo com a Europa", afirmou França.
Em relação à desflorestação da Amazónia, o ministro frisou que os ministérios do Meio Ambiente e da Justiça atuam em conjunto, pois quando uma pessoa corta ilegalmente uma árvore na floresta costuma cometer outro crime relacionado, que pode ser sonegação fiscal, exportação ilegal de madeira ou branqueamento de dinheiro.
"Agora a pessoa é presa, ao invés de multada, às vezes não por ter desmatado, mas por ter escapado do tesouro. De agosto de 2020 até o mesmo mês de 2021, a área desflorestada caiu 32%", declarou França.
Ao ser questionado sobre a imagem internacional Brasil, que tem associada em muitas ocasiões ações do Presidente Jair Bolsonaro, um cético em relação às vacinas contra a covid-19 e sem interesse em cuidar da floresta amazónica, o ministro disse que há "uma imagem mal interpretada" do país e da governação.
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