Em causa está o "Programa Nacional de Crescimento Verde", que foi anunciado durante uma cerimónia liderada pelo próprio Bolsonaro, que não se pronunciou durante o evento, mas em que os ministros da Economia, Paulo Guedes, e do Meio Ambiente, Joaquim Leite, destacaram o potencial do Brasil para avançar rumo a uma economia verde e de baixo carbono.
"O Brasil tem a maior biodiversidade do mundo, uma das maiores áreas oceânicas e de floresta do planeta", disse Leite, que garantiu o "compromisso ambiental" do Governo Bolsonaro, criticado pela comunidade internacional pelas suas políticas agressivas no desenvolvimento económico da Amazónia.
Contudo, a única inovação concreta no anúncio feito nesta segunda-feira foi a criação do Comité Interministerial sobre Mudança do Clima e Crescimento Verde, que se encarregará de planear e executar políticas públicas de preservação, combinadas com projetos de desenvolvimento económico em regiões sensíveis, como da floresta Amazónia.
Dessa forma, segundo o Governo, será possível "aliar a redução das emissões de carbono, a conservação das florestas e o uso racional dos recursos naturais, à geração de emprego verde e crescimento económico".
Leite, que vai chefiar a delegação brasileira na 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), a realizar na cidade escocesa de Glasgow a partir de domingo, garantiu que a criação desse comité reforçará a "convicção" de que o Brasil é um dos países que "mais preserva" a natureza "no mundo".
"Vamos levar à COP26 um Brasil real, um país que já tem uma atividade realmente verde", afirmou o governante.
De acordo com o Ministério da Economia, o "Programa Nacional de Crescimento Verde" será guiado por incentivos económicos, transformação institucional e critérios de priorização de políticas públicas e projetos e ações do setor privado.
Atualmente, o executivo brasileiro conta com linhas de crédito que, somadas, chegam a 400 mil milhões de reais (62 milhões de euros) e contemplam projetos verdes em áreas como: conservação florestal, saneamento, gestão de resíduos, ecoturismo, agricultura de baixa emissão, energia renovável, mobilidade urbana, transporte e logística, tecnologia da informação e comunicação e infraestrutura verde.
"Esses recursos impulsionarão a economia, gerando empregos e contribuindo para a consolidação do Brasil como a maior economia verde do mundo", segundo a tutela da economia.
"Somos uma potência verde e agora vamos levar para fora o Programa de Crescimento Verde. Não é possível que o Brasil seja tratado como o vilão da poluição internacional. Quando pegamos os fluxos de poluição, o Brasil tem 1,7%, a Europa tem 15%, os Estados Unidos têm 15% e a China tem 30%. Como pode o país que menos polui ser o mais agredido internacionalmente?", questionou Paulo Guedes.
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