"A Petrobras vai valer zero daqui a 30 anos. E o que nós fizemos? Deixámos o petróleo lá em baixo com um monopólio, uma placa de monopólio estatal em cima. O objetivo é tirar esse petróleo o mais rápido possível e transformar em educação, investimento, treino, tecnologia", afirmou Paulo Guedes durante o lançamento do Programa Nacional de Crescimento Verde.
Horas antes, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, afirmou numa entrevista a uma rádio local que a privatização da Petrobras "entrou no radar" do Governo.
"Quando se fala em privatização da Petrobras, isso entrou no nosso radar, mas privatizar qualquer empresa não é, como alguns pensam, pegar a empresa, botar na prateleira e, amanhã, quem der mais leva embora", disse Bolsonaro à rádio Caçula FM.
"É uma complicação enorme. Ainda mais quando se fala em combustível. Se você tirar o monopólio do Estado e colocar na mão de uma pessoa apenas fica a mesma coisa, talvez até pior", acrescentou.
O chefe de Estado brasileiro comentou a possibilidade de privatizar a petrolífera brasileira, que já tem participação privada e ações nas bolsas de valores do Brasil (B3) e no exterior, num momento em que o Governo enfrenta críticas devidos à subida do preço dos combustíveis.
"O Presidente Bolsonaro falou que estudaria o que ia fazer com a Petrobras. Afinal de contas, se estamos com crise hídrica e tivemos escândalo de corrupção, são 30 a 40 anos de monopólio no setor elétrico e no setor de petróleo. E, se daqui a 10 ou 20 anos, o mundo inteiro migra para hidrogénio e energia nuclear, abandonando o combustível fóssil? A Petrobras vai valer zero daqui a 30 anos", frisou Paulo Guedes.
O ministro da Economia destacou ainda que as ações da Petrobras subiram 6% após Bolsonaro afirmar que iria avaliar a privatização da petrolífera, a maior empresa do Brasil.
Após a chegada do atual Governo ao poder, em janeiro de 2019, Paulo Guedes, um economista liberal, elaborou uma lista com pouco mais de 100 empresas estatais que pretende transferir para o setor privado.
No entanto, esses planos têm colidido com o pouco interesse dos investidores, que foi agravado pela pandemia de covid-19, e alguma resistência do Congresso, que tem de autorizar a privatização de algumas das empresas.
Apesar de Guedes e do Presidente defenderem agora a privatização da Petrobras, Bolsonaro chegou a afirmar, na campanha eleitoral de 2018, que "não gostaria" de ver a petrolífera estatal privatizada.
Na ocasião, declarou que a medida só seria feita "se não houver solução".
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