"Tivemos candidatos que são bastante jovens, o que evidencia que os vinhos do Porto começam a ter uma forte expressão no público mais jovem e a força do vinho do Porto passa por estes embaixadores que têm 20 ou 30 anos", explicou Gilberto Igrejas, presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, em declarações à agência Lusa.
A final da 19.º edição do concurso Master of Port decorreu hoje, em Paris, numa série de provas públicas que decorreram no famoso restaurante e hotel Cercle National des Armées. Este ano, a média de idade dos concorrentes ficou nos 29 anos e mais de 50 escanções franceses candidataram-se a este prémio.
"Temos notado que temos uma nova geração de escanções franceses que têm tentado diversificar-se e vão à procura de novos vinhos e têm gostado do vinho do Porto. Procuram saber mais e inscrever-se no concurso", afirmou Julien dos Santos, produtor de vinho do Porto, proprietário das caves "Portologia" no Porto e em Paris e também membro do júri do Master of Port.
Entre algumas das provas públicas realizadas hoje na capital francesa, houve degustação e descrição dos vinhos, harmonização entre vinhos do Porto e menus e perguntas sobre o vinho do Porto.
Este ano, o prémio foi para Bastien Debono, escanção em Annecy, junto à fronteira francesa com a Suíça, no restaurante Yoann Conte -- Bord du Lac, que conta com duas estrelas Michelin. Debono conheceu os vinhos do Porto quando trabalhou em Inglaterra e propõe aos clientes do seu restaurante uma larga seleção destes vinhos, criando com o chefe pasteleiro, uma sobremesa de chocolate e vinho do Porto.
"É um orgulho ganhar este título, é um reconhecimento dos meus pares. E implica um compromisso com a promoção do vinho do Porto, que merece ter o seu lugar, com uma boa representação em França", disse Bastien Debono.
O concurso foi acompanhado de uma degustação de vinhos do Porto onde estiveram presentes várias adegas, que procuram expandir a sua atividade em França.
"O objetivo é tentar explorar o que os franceses não conhecem. Estão muito habituados aos brancos, aos tawnys, mas nós temos rubys maravilhosos. Tenho aqui à prova um vintage de 2019 e é um vinho que todos gostam. É um vinho que os franceses não conhecem tanto, mas quando provam, gostam", explicou Cláudia Quevedo, proprietária e enóloga da cave Quevedo.
Este é também o sentimento de Maria Serpa Pimentel, enóloga na Quinta da Pacheca. Para esta cave, França é o maior mercado quantitativo, enquanto qualitativamente ainda é o Reino Unido, algo que está a mudar devido ao enoturismo.
"Desde há 10 anos, há mais conhecimento no mercado francês e os consumidores já vão buscar as categorias melhores. E temos imensos franceses que nos chegam através do enoturismo. Há mais curiosidade agora e tentam comprar vinhos com mais qualidade", relatou a enóloga.
Após um ano de pandemia, onde o vinho do Porto teve uma queda de 9,4%, Gilberto Igrejas garante que até novembro, o mercado do vinho não só não tem perdas, como está acima do ano de 2019, ano em que houve ganhos de 2,5%.
Algo explicado pela mudança de hábitos e pela descoberta de vinhos entre amigos.
"Com o confinamento sentimos alterações de hábitos. Na nossa loja em Paris, antes fazíamos muitas provas e diminuiu. Passámos a ter mais consumo de garrafas em casa, o que aumentou muito a venda. Isso foi bom, porque conhecem novos vinhos, falam aos amigos e isso cria novos adeptos do vinho do Porto", concluiu Julien dos Santos.
O concurso Master of Port é organizado pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, o Sindicato de Grandes Marcas do Porto e a Union de la Sommellerie Française.
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