A Comissão Europeia reviu em alta as projeções do produto interno bruto (PIB) de Portugal para este ano, esperando agora um crescimento de 4,5%. No próximo ano, Portugal deverá crescer 5,3% e 2,4% em 2023. Em reação a estes números, o Governo considera que a economia está "num bom momento".
Nas previsões económicas de verão, publicadas no início de julho, a Comissão Europeia manteve as projeções da primavera, estimando um crescimento do PIB de 3,9% este ano e de 5,1% no próximo, abaixo das projeções do Governo.
As previsões hoje divulgadas pela Comissão Europeia apontam ainda para uma taxa de inflação de 0,8% este ano (o Governo aponta para 0,9%), subindo depois para 1,7% em 2022, mas voltando a descer, para 1,2%, em 2023.
Daqui a dois anos, Bruxelas estima ainda que o crescimento do PIB nacional baixe para 2,4%, esperando também uma estabilização do crescimento das exportações e importações em 4,1% e 4,0%, respetivamente.
Entretanto, as exportações deverão acelerar 11,1% este ano e 9,5% no próximo, ao passo que as importações devem também subir 10,9% e 6,2% em 2021 e 2022, respetivamente.
"A economia de Portugal está a recuperar fortemente, ajudada por um ressurgimento da procura e pelo emprego. A perspetiva de crescimento permanece favorável apesar de desafios relacionados com as cadeias mundiais de abastecimento e incerteza no turismo estrangeiro", assinala a Comissão Europeia no comentário sobre a economia nacional.
Bruxelas assinala que no primeiro semestre do ano as "vendas de bens duradouros cresceram substancialmente contra o cenário de poupanças acumuladas e procura reprimida".
Na proposta orçamental, entregue na Assembleia da República e entretanto 'chumbada', o Governo prevê que a economia portuguesa cresça 4,8% este ano. Já para 2022 a previsão do Governo é de um crescimento da economia de 5,5%.
Na semana passada, o ministro João Leão disse que as metas do Governo para este ano quanto ao défice e à dívida estão "ao alcance" do país, algo que "dá credibilidade" a nível internacional, afirmando esperar então o cumprimento do objetivo de "um défice de 4,3%, ou inferior, no final do ano", bem como a "meta de descer a dívida pública de 135% [do PIB] para 126,9% este ano".
Comissão Europeia mais pessimista que o Governo na dívida e défice
A Comissão Europeia espera que o défice português atinja os 4,5% do PIB e que a dívida pública chegue aos 128,1% do PIB este ano, previsões piores do que as do Governo.
De acordo com as Previsões Económicas de outono, hoje divulgadas, o défice das contas públicas nacionais deverá ainda baixar para 3,4% em 2022, ao passo que o rácio da dívida pública face ao PIB descerá para 123,9%.
No relatório adjacente à proposta de Orçamento do Estado para 2022 -- entretanto rejeitada -- o Governo tinha previsto que o défice deste ano ficasse nos 4,3% e que a dívida baixasse para 126,9%, e em 2022 os valores descessem, respetivamente, para 3,2% e 122,8%.
Crise política: Incertezas "representam um fator de risco adicional"
A Comissão Europeia (CE) considerou, nas previsões económicas de outono, que as incertezas relacionadas com o 'chumbo' parlamentar da proposta de Orçamento de Estado para 2022, e subsequentes incertezas, representam "um fator de risco adicional" para Portugal.
"As incertezas relacionadas com a adoção de um Orçamento para 2022 representam um fator de risco adicional", pode ler-se na secção dedicada a Portugal das Previsões Económicas, que foram hoje divulgadas pelo executivo europeu.
Governo considera que números de Bruxelas comprovam cenário "credível"
O ministro das Finanças, João Leão, considerou que a revisão em alta das previsões macroeconómicas da Comissão Europeia, que ficam abaixo das do Governo, comprovam, ainda assim, que o cenário gizado pelo executivo nacional "é credível".
"As previsões da Comissão Europeia mostram que o cenário macroeconómico e orçamental apresentado pelo Governo na proposta de Orçamento do Estado para 2022 é credível e que os portugueses podem ter confiança no futuro", pode ler-se num comunicado enviado pelo Ministério das Finanças às redações.
As previsões de Bruxelas "confirmam, ainda, que o contexto de incerteza política que atravessamos não teve origem em problemas financeiros nem numa crise de finanças públicas, como aconteceu no passado", refere o ministro de Estado e das Finanças.
[Notícia atualizada às 10h38]
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