Pandemia afetou desproporcionalmente jovens e pessoas com baixos salários
A pandemia de covid-19 afetou desproporcionalmente os jovens e as pessoas com baixos rendimentos, com 48% dos portugueses a considerarem que estão agora mais pobres do que antes da crise sanitária, segundo um estudo da Intrum.
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Economia Estudo
De acordo com as conclusões do European Consumer Payment Report (ECPR) da Intrum, "a pandemia afetou desproporcionalmente os diferentes países e grupos demográficos. Embora a situação de emprego da maioria não tenha sido diretamente afetada, quase quatro em cada 10 europeus (37%) dizem que estão mais pobres hoje, do que antes do início da crise. Em Portugal, este valor sobe para 48%", sendo que "pessoas com baixos rendimentos familiares foram particularmente afetadas, aumentando a desigualdade económica na sociedade".
Em entrevista à Lusa, Luís Salvaterra, diretor-geral da Intrum Portugal, destacou que "o impacto da covid-19 na economia não afetou todos por igual e sim as pessoas que têm menos rendimentos e com trabalhos mais precários", salientando que no caso "das pessoas que conseguiram manter o emprego e os rendimentos até houve um certo incremento da poupança", mas que "trabalhos mais precários nos setores mais afetados registaram uma redução nos rendimentos e isso leva a que também tenham mais dificuldade em pagar as suas contas e uma diminuição no seu bem-estar financeiro".
De acordo com o responsável, houve "um aumento das desigualdades. As pessoas mais novas foram as mais afetadas", visto que "o [seu] tipo de emprego é o mais afetado". Para Luís Salvaterra este é um "problema grande em termos de futuro, porque ou leva à emigração ou a uma situação de salários baixos, nivelando o salário médio por baixo".
No estudo, a Intrum concluiu que "que 40% dos portugueses afirmam que após o pagamento das contas lhes sobra menos de 10% do seu rendimento, sendo provável que muitos tenham dificuldades em suportar um aumento geral nos preços".
Por outro lado, "sobre a capacidade de pagar as contas nos prazos, o estudo revela que 23% dos portugueses afirmam que pelo menos uma vez nos últimos 12 meses, não ter feito o pagamento no prazo acordado, situação que ocorre com caráter regular para 31% dos inquiridos, valor substancialmente abaixo da média europeia, que se situa nos 44%".
Segundo o estudo, "43% dos inquiridos refere a falta de dinheiro como a principal razão para não pagar as contas nos prazos. Uma melhoria significativa em 12 pontos percentuais em comparação com 2020 (55%)", indicou a Intrum, sendo que "a média europeia situou-se nos 40%".
Paralelamente, de acordo com o estudo da Intrum, devido à pandemia "alguns europeus estão a contrair dívidas adicionais em 2021. 26% dizem que pediram dinheiro emprestado ou atingiram o limite do cartão de crédito para pagar as suas contas nos últimos 6 meses", sendo que "em Portugal, a percentagem é igual à média europeia (26%), tendo aumentando três pontos percentuais em relação a 2020".
O estudo mostra que "25% dos europeus pede emprestado mensalmente, um valor equivalente a 10/25% dos seus rendimentos mensais", e em Portugal, "este valor situa-se em 23%".
A Intrum descobriu ainda que "a principal razão para poupar em Portugal é para fazer face a despesas inesperadas,", visto que é "o que afirmam 81% dos inquiridos", com a perda de emprego ou de outro rendimento, a surgir em segundo lugar (50%) e na terceira posição, aparece a reforma (35%)".
Segundo Luís Salvaterra, estes dados mostram que "as pessoas estão a poupar mais e a gerir melhor as suas poupanças".
O estudo ECPR baseia-se num inquérito externo realizado simultaneamente em 24 países na Europa, com um total de 24.012 consumidores a participarem na edição de 2021 do inquérito. Em Portugal foram cerca de mil, sendo que o trabalho de campo para o estudo foi realizado entre 21 de julho e 26 de agosto de 2021.
ALYN // JNM
Lusa/Fim
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