"O consumo de gás diminuirá sazonalmente na primavera, o que deverá ter um efeito suavizante no preço do gás", afirmou o vice-presidente e analista sénior da Moody's Mark Remshardt, durante uma mesa-redonda com jornalistas, sobre mercados europeus de eletricidade.
Para os próximos meses, os especialistas da agência de 'rating' estimam que o "clima e a sazonalidade podem levar a preços ligeiramente elevados".
No entanto, conforme explicou o vice-presidente sénior da Moody's França, Paul Marty, há outros fatores que influenciam os preços da eletricidade, além dos preços do gás, como, por exemplo, a incorporação de energias renováveis e os preços do carbono, que atualmente rondam os 60 euros por tonelada.
A agência de 'rating' espera que os preços do carbono se mantenham elevados, devido às políticas europeias de combate às alterações climáticas.
Para Paul Marty, "o aumento dos preços de energia elevou o risco de intervenção governamental".
Em Espanha, a Moody's espera "que os riscos políticos e regulatórios persistam, apesar de o Governo ter atenuado a proposta de aplicar o mecanismo de 'clawback' (retenção) para controlar preços elevados de gás".
"Observamos um risco regulatório menor em Portugal, portanto esperamos que a descarbonização do setor energético siga em ritmo acelerado, já que o crescimento das energias renováveis continua apoiado pela competitividade das mesmas quando comparado com a energia térmica", afirmou Paul Marty.
A suspensão do processo de certificação do gasoduto Nord Stream 2, que liga a Rússia à Alemanha através do Mar Báltico, foi também apontada como um dos fatores que influencia os preços do gás.
De acordo com um comunicado emitido em meados de novembro pela Agência Federal de Redes da Alemanha, regulador da energia naquele país, o processo de certificação, sem o qual o gasoduto não pode começar a funcionar sob pena de sanções, foi temporariamente suspenso, uma vez que o seu operador, a gigante russa Gazprom, não preencheu todos os requisitos legais.
Depois deste anúncio, o preço do gás subiu 12% no mercado, numa altura em que a Europa enfrenta já uma subida dos preços desta fonte de energia.
O gasoduto transporta o gás russo diretamente para a Europa Ocidental através da Alemanha sem passar pela Ucrânia e tem estado envolto em controvérsia, com a oposição inicial dos Estados Unidos, que em julho passado deram a sua aprovação em troca da proteção do abastecimento energético ucraniano.
Com este atraso, os analistas da Moody's preveem que o gás comece a ser transportado através daquela infraestrutura no final do próximo ano.
O Nord Stream 2, cuja construção foi concluída em agosto passado, deverá transportar gás russo para a Alemanha através do fundo do mar Báltico, contornando o trânsito através da Ucrânia (onde passa outro gasoduto, o Nord Stream).
O Kremlin já tinha pedido em setembro para que o Nord Stream 2 fosse posto em funcionamento "o mais depressa possível" para começar o fornecimento de gás.
O gasoduto tem uma capacidade de 55 mil milhões de metros cúbicos por ano e começou a encher em outubro.
A instalação está a ser criticada na Europa de Leste em particular, uma vez que o Nord Stream 2 irá expor o continente à arma energética da Rússia, aumentando a dependência europeia e sacrificando os interesses do aliado ucraniano, país de trânsito tradicional.
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