"A resiliência da nossa base económica, a par das respostas de algumas políticas públicas, permitiram ao Norte uma recuperação promissora, nalguns casos surpreendente, durante 2021", afirmou António Cunha.
O presidente da CCDR-N falava durante a conferência 'online' "O impacto da covid-19 na economia do Norte - Que efeitos, respostas e transformações?", que decorreu a partir, do Porto.
O estudo apresentado conclui que a "economia a Norte, tal como a de Portugal, terá observado a maior recessão económica do período democrático em resultado do impacto negativo da crise pandémica de 2020".
Como exemplo de recuperação, António Cunha salientou que a "população empregada no terceiro trimestre de 2021 é superior ao observado no período anterior à crise sanitária, em quase 70 mil pessoas, isto é, mais 4,2%".
Disse ainda que "este crescimento do emprego durante 2021 provocou, ao mesmo tempo, a queda da taxa de desemprego do Norte para 6,1% no terceiro trimestre deste ano, o valor inferior ao do período anterior à crise".
"Mas a recuperação mais significativa registou-se nos indicadores do comércio internacional. Apesar da instabilidade e da fratura de algumas cadeias importantes de fornecimentos de bens e serviços, o músculo exportador do Norte soube reagir e está a ter um papel muito relevante na superação desta crise", frisou.
Segundo António Cunha, o "valor das exportações no terceiro trimestre de 2021 já é superior em 3% ao do terceiro trimestre de 2019" e os "indicadores do turismo do Norte também têm vindo a recuperar ao longo de 2021, apesar de serem ainda muito inferiores ao desempenho de 2019".
"Aqui a recuperação será mais lenta, mas estou convicto que a excelência e diversidade dos atributos dos destinos do Norte e a estratégia de reanimação que está a ser seguida darão bons frutos", referiu.
Segundo o estudo, apesar da recuperação durante 2021, os indicadores de turismo do Norte ainda se encontram num nível significativamente inferior ao registado na fase anterior à crise pandémica.
Neste contexto, entre os terceiros trimestres de 2019 e de 2021, as dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico do Norte diminuíram em 28,2%.
António Cunha salientou que "a resposta que o Norte der na saída desta crise é determinante para a recuperação nacional" e que o "Norte é a melhor alavanca social e produtiva para colocar ajudar a Portugal em terreno positivo".
"Sabemos, historicamente, que a superação das crises económicas que afetaram o país começou aqui e dependeu dos atores do Norte", frisou.
António Cunha referiu que este território dispõe de uma "estratégia regional, abrangente e esclarecida, inclusiva territorialmente e mobilizadora", mas precisa agora de "dispor de um programa operacional regional financeiramente robusto, com apostas à medida das diferentes realidades territoriais do Norte e de um modelo de governação que consagre a autonomia de decisão que precisamos".
"Ou seja, de um modelo de governação que deixe de impor a diferentes regiões um Excel igual e, por vezes, inexplicavelmente complexo. Continuaremos a pugnar pela possibilidade de adotarmos um modelo mais simples, flexível e adaptado à estratégia, aos desafios e problemas específicos do Norte e dos seus diferentes espaços", salientou.
Por fim, lembrou a deliberação do Conselho Regional do Norte da semana passada que exorta o Governo a dar uma "maior autonomia na gestão dos fundos comunitários", bem como a avançar com o processo da regionalização em Portugal continental.
A covid-19 provocou mais de 5,33 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.778 pessoas e foram contabilizados 1.225.102 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
Uma nova variante, a Ómicron, classificada como preocupante pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, a 24 de novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 89 países de todos os continentes, incluindo Portugal.
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