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Do identificador às subscrições: Afinal, o que muda na Via Verde?

A Via Verde decidiu reconfigurar os seus serviços, mas a medida gerou críticas por parte da ACP e da DECO. O presidente da Via Verde disse, ao Notícias ao Minuto, que a empresa não se revê nas acusações e explicou, na prática, o que muda para os clientes.

Do identificador às subscrições: Afinal, o que muda na Via Verde?
Notícias ao Minuto

09:15 - 10/01/22 por Beatriz Vasconcelos

Economia Via Verde

Na reta final do ano passado, a Via Verde começou a avisar alguns clientes que 2022 traria novidades: basicamente, passaria a haver uma separação entre o serviço de portagens nas autoestradas e as restantes funcionalidades que a empresa disponibiliza aos seus clientes. A decisão gerou polémica e originou críticas por parte da DECO e da Automóvel Club de Portugal (ACP), que, inclusive, avançou para a via judicial. 

Na prática, o que muda para os clientes da Via Verde? Vamos por partes. Antes de mais, importa sublinhar que a Via Verde tem cerca de três milhões de clientes em Portugal, sendo que destes "cerca de metade, que é quem tem identificador comprado ao longo dos anos e que ainda se encontre a funcionar, não sofrem quaisquer alterações", explicou o presidente da Via Verde, Eduardo Ramos, em declarações ao Notícias ao Minuto.

Ou seja, para os clientes que compraram identificador, não há qualquer alteração. Do outro lado, existem os clientes que pagam uma mensalidade pelo identificador e, neste caso, é que há alterações, uma vez que passam a existir dois modelos de subscrição: Via Verde Autoestrada e Via Verde Mobilidade.

"Para os clientes que têm o modelo de subscrição, que são a outra metade, há duas opções. A partir do dia 5 de janeiro até ao dia 31 de março, sem qualquer alteração de preço, têm acesso a todos os serviços que já têm hoje.  A partir do dia 1 de abril, se os clientes quiserem continuar a ter os serviços adicionais em ambiente concorrencial, visto que há outras ofertas no mercado, terão [de pagar] um preço de 50 cêntimos por mês", explicou Eduardo Ramos.

Caso não queiram pagar esse acréscimo pelo modelo de subscrição Via Verde Mobilidade - que inclui os serviços adicionais, como estacionamentos, abastecer o carro ou até para fazer outras compras - os clientes têm que demonstrar esse interesse à empresa.

"Os clientes demonstram uma enorme satisfação com estes serviços, [mas] se eventualmente não for o caso, a 1 de abril, a 2 de abril, a 3 de abril ou quando quiserem voltam para a modalidade anterior, que é a modalidade Via Verde Autoestradas, que não sofre qualquer alteração de preço, mesmo em contexto inflacionista. Continua a ser 49 cêntimos por mês - eu digo 50 cêntimos para arredondar", prosseguiu o presidente da Via Verde. 

Clientes podem continuar a comprar o identificador

Inicialmente, a ideia era acabar com a possibilidade de os clientes comprarem o identificador, mas depois de consultar várias entidades, a Via Verde decidiu permitir que os utilizadores continuem a adquirir o aparelho. Contudo, nota que, atualmente, "menos de 1%" dos clientes tomam a decisão de comprar os identificadores. 

"Explicando o racional de por que razão é que inicialmente decidimos não vender o identificador: A venda de um identificador transfere para o cliente dois riscos que nós consideramos não serem adequados, o primeiro é o risco tecnológico e o segundo é o risco ambiental", disse Eduardo Ramos. 

Relativamente ao primeiro, "como o identificador é aquela caixinha branca que está em constante evolução, consideramos que não é adequado, mas deixamos essa opção do lado do cliente agora, comprar hoje uma coisa que custa 35 euros e se daqui a um ano ou dois ele deixar de funcionar o cliente tem que comprar um novo". 

O mesmo não se verifica no modelo de subscrição, já que, em caso de avaria, os clientes entregam o identificador à empresa que depois dará um novo ao utilizador, sem que tenham de pagar mais. "São 50 cêntimos por mês que permitem ter isto", rematou. 

Relativamente ao risco ambiental, o presidente da Via Verde explica que a empresa tem "uma cadeia de reciclagem de equipamentos eletrónicos e de plástico", o que significa que "quando os clientes nos entregam os identificadores nós temos uma cadeia que permite reciclar isso corretamente. O cliente, infelizmente, não tem acesso a isso". 

DECO vê "abuso de exclusividade" e ACP avança para via judicial, mas Via Verde não se revê nas críticas

Questionado sobre como vê as críticas que têm sido apontadas por parte de entidades como a DECO ou a ACP, o presidente da Via Verde disse, também em declarações ao Notícias ao Minuto, que a empresa não se revê nas mesmas. 

A DECO acusou a empresa de "abuso de exclusividade", justificando que "os consumidores continuam prejudicados com os novos preços e sem alternativas no mercado de pagamentos automáticos de portagens", pode ler-se numa nota publicada no site da Associação de Defesa do Consumidor.

Confrontado com estas críticas, Eduardo Ramos diz que "existem outras opções de pagamento de portagens, existem outras alternativas, quer de provedores nacionais quer de provedores estrangeiros. É evidente que a Via Verde, com 30 anos de posição no mercado e com a solução e eficiência do seu serviço, é de facto o maior player, que funciona com preços muito competitivos para o ecossistema. Não nos revemos nessas afirmações e, mais, aí nada se altera. O preço aí não mexe".

Por seu turno, a ACP anunciou, na semana passada, que acionou os meios judicias e legais visando a "reposição da normalidade" da adesão ao serviço Via Verde, perante a alteração das condições gerais de adesão a este serviço que foi remetida aos utilizadores.

O presidente da Via Verde não esconde que "foi com total surpresa que recebemos este comunicado há pouquíssimos dias", adiantando que "há muitos clientes do ACP que são também clientes da Via Verde. Estávamos precisamente a trabalhar numa oferta cruzada, com base nesta configuração de oferta da Via Verde para os clientes do ACP".

Leia Também: Via Verde acusa ACP de desconhecimento sobre reconfiguração da sua oferta

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