"Isto é uma cadeia, o [preço do] frete vai subir e, automaticamente, o produto também terá de subir. Nesse processo quem paga é o consumidor final", disse hoje à Lusa Castigo Nhamane, presidente da Fematro.
Ao longo de cerca de 70 quilómetros de via que serve as cidades de Maputo, Matola e o distrito de Marracuene foram instaladas quatro praças de portagem, que vão começar a ser cobradas a partir de 01 de fevereiro, anunciou a empresa concessionária, Rede Viária de Moçambique (Revimo).
Os preços variam entre 40 meticais (55 cêntimos de euro) para ligeiros e 580 meticais (oito euros) para pesados, com descontos que vão até 75% para transportes coletivos e 60% para utilizadores frequentes.
Os descontos não abrangem os transportadores de mercadoria, uma medida que a Fematro considera que vai influenciar no aumento dos preços dos produtos transportados.
"Os transportadores de mercadoria vão ter de agravar aquilo que cobram aos seus clientes" e isso vai "refletir-se no resto", frisou a Fematro, sugerindo que se façam também descontos para os transportes de carga.
"A farinha de trigo, por exemplo, sai de um ponto em que precisa atravessar algumas portagens para alimentar a zona metropolitana. Caso o seu preço aumente, isso pode refletir-se no preço do pão", destacou.
As portagens na estrada circular de Maputo e as respetivas taxas são contestadas por organizações da sociedade civil e pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro partido parlamentar, que defende a redução para 50% do valor das taxas cobradas e a criação de vias alternativas para "salvaguardar o princípio de igualdade".
A organização não-governamental (ONG) moçambicana Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD) submeteu um requerimento ao Tribunal Administrativo para a suspensão das portagens.
Além do CDD, uma outra ONG, o Centro de Integridade Pública (CIP), disse na segunda-feira que os moçambicanos podem recusar-se a pagar as portagens, alegando "inconstitucionalidade e ilegalidades".