Seca: Produtores de arroz do Vale do Sado estimam quebra de sete milhões
Os produtores de arroz do Vale do Sado, no Alentejo, estimam este ano reduzir a área de cultivo em 2.500 hectares e apontam uma quebra de até sete milhões de euros de receitas, devido à seca.
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Economia Arroz
O responsável do Agrupamento de Produtores de Arroz do Vale do Sado (APARROZ) estimou que, "eventualmente, cerca de 2.500 hectares não se possam cultivar", por causa da seca que afeta a região, assim como a generalidade do país.
Além disso, estimou quebras "na ordem dos seis a sete milhões de euros" no rendimento dos orizicultores da região do Vale do Sado, zona "onde não há muitas alternativas" de cultivo agrícola, visto serem "zonas de terrenos salgados".
No Vale do Sado, que compreende os concelhos de Alcácer do Sal, Grândola e Santiago do Cacém (distrito de Setúbal) e parte dos de Ferreira do Alentejo e Odemira (Beja), o arroz é cultivado em "7.500 hectares", dos quais "5.000 a 6.000" só no município de Alcácer do Sal.
Por se tratar de uma cultura "que utiliza a água para rega e regulação térmica", o presidente da APARROZ mostrou-se preocupado com "as taxas de armazenamento muito baixas" das barragens de Pego do Altar e Vale do Gaio, em Alcácer do Sal.
"Precisamos de utilizar água, que devolvemos depois ao circuito natural", a partir de "perímetros de rega feitos nos anos 50 que são destinados exatamente à agricultura, nem sequer são destinados ao abastecimento público", frisou.
Segundo o dirigente, estas situações foram discutidas "há três anos", no âmbito de um grupo de trabalho coordenado pela Associação de Regantes do Vale do Sado e pela Agência Portuguesa do Ambiente e associações de produtores.
Em setembro de 2019, foi entregue "um memorando ao ministro do Ambiente" no sentido "de preparar soluções" para ajudar a minimizar os problemas dos produtores na região, "mas, infelizmente, não tivemos até agora nenhuma proposta de solução", argumentou.
Entre as medidas propostas, enunciou, constava a "recuperação da água no fim dos canais, a construção de pequenas barragens para ajudar estas maiores que já existem ou a instalação de diques insufláveis para evitar que o sal do rio suba muito e nós possamos utilizar a bombagem direta do rio".
"O abastecimento da barragem do Pego do Altar, a partir da barragem do Alqueva, uma obra com algum custo, ficou ainda por resolver", alegou, reclamando "uma maior atenção por parte do Governo" aos "produtores de bens alimentares".
Segundo João Reis Mendes, a área de cultivo de arroz em Portugal está distribuída pelas bacias hidrográficas do Sado, Tejo e Mondego, sendo Alcácer do Sal o concelho "com maior área cultivada".
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) divulgou que, em janeiro, "verificou-se um agravamento muito significativo da situação de seca meteorológica" no país, "com um aumento da área e da intensidade, estando no final do mês todo o território em seca, com 1% em seca fraca, 54% em seca moderada, 34% em seca severa e 11% em seca extrema".
Ainda de acordo com o IPMA, em relação à precipitação, janeiro de 2022 foi o 6.º mais seco desde 1931 e o 2.º mais seco desde 2000.
O Governo restringiu o uso de várias barragens para produção de eletricidade e para rega agrícola devido à seca em Portugal continental.
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