Com mais de 90% do território em seca severa ou extrema, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), os efeitos já se fazem sentir e as perspetivas não são animadoras. A laranja do Algarve, por exemplo, está mais pequena e isso tem consequência sobre o preço a que é vendida.
"Esta laranja não tem calibre, nesta altura já deveria estar muito maior. Isto traduz-se numa perda de preço, o mercado não consome esta laranja, esta laranja tem que ir para a indústria com preços que não pagam os custos de produção", disse José Oliveira, presidente da Algarve Orange, em declarações à CNN Portugal.
Além do tamanho, o impacto da seca também se sentirá na qualidade: "A qualidade estará sempre afetada, porque o fruto está a formar-se em condições difíceis, não nas condições ideais", explicou José Oliveira em declarações ao mesmo canal.
No último boletim de seca, divulgado na segunda-feira e que reporta a 15 de fevereiro, o IPMA indica valores de percentagem de água no solo inferiores ao normal em todo o território, com as regiões Nordeste e Sul a atingirem valores inferiores a 20%, com "muitos locais a atingirem o ponto de emurchecimento permanente".
A rega de espaços verdes, a lavagem das ruas e de equipamentos são algumas das atividades que poderão ser condicionadas para poupar água, conforme decisões que começam na quarta-feira a ser tomadas, anunciou o ministro do Ambiente.
João Matos Fernandes indicou que na quarta-feira decorre a primeira de cinco reuniões, lideradas pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), para avaliar as medidas técnicas a tomar contra a seca.
"As esperanças não são muitas, porque o que há a fazer agora é gerir a pouca água que existe. Não é possível aumentar a água armazenada, o que tem de se fazer é consumir o menos água possível, consumir a água o mais racionalmente possível", acrescentou o presidente da Algarve Orange.
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