A Galp anunciou hoje que suspendeu a compra de produtos petrolíferos russos e lamentou os "atos de agressão contra o povo ucraniano", segundo um comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
"O Conselho de Administração da Galp decidiu suspender todas as novas compras de produtos petrolíferos, quer de companhias russas, como de companhias baseadas na Rússia", lê-se na comunicação ao mercado.
"A Galp lamenta os atos de agressão por parte da Rússia ao povo da Ucrânia", refere a petrolífera.
Embora a Galp não tenha quaisquer 'joint ventures' com entidades russas, a empresa disse também estar no processo de eliminação da "exposição direta ou indireta a produtos petrolíferos, ou originários da Rússia, ou de empresas russas em contratos existentes".
Em comunicado enviado à imprensa, a Galp esclareceu que adquire gasóleo de vácuo (VGO) através de contratos a prazo com entrega em Sines que não especificam (nem discriminam) a origem do produto, sendo que a Rússia é responsável por metade da produção mundial daquele produto, que é uma das matérias-primas utilizadas para a produção de gasóleo na Refinaria de Sines.
"A Galp está a desenvolver planos para obter o VGO através de fornecedores alternativos, ou para operar a refinaria a um ritmo limitado, embora assegurando sempre o fornecimento de gasóleo ao mercado português", apontou a empresa.
Já as cargas de produtos petrolíferos com origem na Rússia já adquiridas e atualmente em trânsito serão recebidas e descarregadas.
"Este terrível ato de agressão da Rússia contra a Ucrânia viola absolutamente os valores que a Galp defende, como a liberdade e os direitos humanos", realçou a presidente da Galp, Paula Amorim, na mesma nota, acrescentando que a petrolífera portuguesa "não vai contribuir para financiar a guerra".
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e mais de 660 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.
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