"É imprevisível a dimensão das consequências desta guerra no coração da Europa. Mas de uma coisa temos a certeza: o turismo, as empresas e toda a economia vão sofrer os danos colaterais desta guerra de que ninguém estava à espera. Até que nível vamos sofrer? Isso é também, por agora, uma incógnita", disse o presidente da CTP, no discurso durante o 10.º congresso da Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos (APECATE), no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, distrito de Braga.
Para Francisco Calheiros vivem-se "tempos de incerteza", razão pela qual há que "saber viver com a indefinição, com o não saber o que esperar no imediato e com o impedimento de traçar estratégias e cenários de médio ou longo prazo", mas tem uma certeza.
"Se o pós-pandemia já antevia uma alteração estrutural nas prioridades do país, agora ainda mais será necessário que o novo Governo dê prioridade à recuperação económica e à segurança. Já foi a vez das finanças e da saúde, mas está na altura de dar prioridade à economia, às empresas e à segurança do país", salientou o presidente da CTP.
Para Francisco Calheiros "deve ser estratégico garantir e comunicar que Portugal é um país seguro, em todos os sentidos".
"Esta imagem deve ser transmitida através de campanhas de promoção no exterior, que, agora, mais do que nunca, são essenciais. Temos de promover o nosso país, dando a conhecer a sua a sua diversidade turística. Temos de voltar a dar a conhecer lá fora a nossa oferta turística, diversa e de excelente qualidade", apelou.
Francisco Calheiros acredita que "a vontade e a necessidade das pessoas em viajar, em manter as suas férias, em continuar uma vida o mais normal que lhes seja possível, será uma realidade neste Verão", apesar de reconhecer que o Mundo "não é o mesmo" desde 25 de fevereiro, dia em que a Rússia invadiu a Ucrânia.
O presidente da CTP aproveitou a presença da secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, para fazer um pedido ao Governo, reforçado pelo atual momento de guerra na Europa.
"Há, no entanto, fatores que continuam a ser essenciais e têm de ter progressos práticos. Desde logo, os apoios financeiros, que, como temos vindo a dizer insistentemente, continuam na gaveta e têm de chegar às empresas. Se já eram necessários devido à pandemia, agora ainda passaram a ser mais importantes para ajudar as empresas a enfrentarem as consequências do atual período de guerra", advertiu Francisco Calheiros.
Para o presidente da CTP, quando passarem estes "tempos conturbados", e se o país quiser voltar a ter uma atividade turística forte e que continue a ser um dos motores da economia, "é necessário ter empresas fortes, financeiramente fortalecidas para investirem, criarem emprego e reforçarem a sua oferta para responder à maior procura" que se irá verificar.
Nesse sentido, entende que é necessário revisitar "o acordo de produtividade e rendimentos que o Governo apresentou em 2019, e que seja revista a Agenda do Trabalho Digno.
"Ou seja, é indispensável que o Governo dê mais importância à Concertação Social. Por outro lado, deve o Governo avançar com uma redução da carga fiscal para que as empresas tenham condições para voltarem a investir e criar emprego", defendeu Francisco Calheiros.
Outras das mensagens que a CTP vai transmitir ao novo Governo, que será conhecido no final do mês, é reiterar a importância na tomada de uma decisão final sobre a construção do novo aeroporto na região de Lisboa.
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