O desagravamento da carga fiscal "tem, quanto a nós, um papel fundamental e direto no apoio às empresas", refere a ANEME em comunicado, considerando fundamental uma redução do IVA - Imposto sobre o Valor Acrescentado, sobre os custos energéticos (eletricidade, gás natural) e combustíveis, do IRC -- Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas, e do Imposto sobre os produtos petrolíferos.
Além disso, a direção da ANEME entende que é urgente uma "atuação forte" de apoio ao setor por parte do Governo, que "neste momento terá de ir para além das linhas de crédito tradicionais".
Atualmente a indústria metalúrgica e eletromecânica confronta-se com a "escalada de preços de energia e de matérias-primas", que estão a comprometer a situação do setor ao nível de mercado interno e externo, adianta.
Os preços da energia e matérias-primas têm registado um assinalável aumento desde o último trimestre de 2021, alerta a associação, lembrando que o conflito entre a Ucrânia e a Rússia veio agravar ainda mais esta situação.
Além disso, realça, que os custos da energia representam nalgumas fileiras do setor mais de 30% dos seus custos de produção.
A energia elétrica, por sua vez, para as empresas que negociaram novos contratos no início deste ano apresentaram um aumento de tarifário que duplicou os custos energéticos com tendência para um "agravamento ao longo do ano", salienta a ANEME.
Quanto ao custo do gás natural, acrescentam, tem-se observado um aumento de tal forma elevado que as empresas altamente consumidoras desta fonte de energia referem que os custos mensais cresceram 400% face a dezembro do ano anterior.
Sobre as matérias-primas do setor, o preço do aço e de outros metais continua uma "trajetória crescente desde o ano passado", atingindo valores "incomportáveis", com tendência para um agravamento.
Nesse sentido, adiantam, esta escalada de preços está a causar um "constrangimento sem igual" às empresas do setor, que estão confrontadas com um "quadro conjuntural inflacionário de grande instabilidade" e incerteza.
Daí que as empresas têm refletido parte deste agravamento de custos nos seus preços de venda, mas esta tendência "não se poderá manter", pois em termos internacionais algumas fileiras do setor "estarão em risco de perder a posição concorrencial" face à oferta de outras áreas geográficas, nomeadamente a China e a Índia.
Face a esta conjuntura dizem que as empresas têm sido forçadas a repensar os seus planos de negócio de forma a tentar minimizar os efeitos desta situação em termos financeiros, que implicam uma redução brusca de liquidez e até uma descapitalização.
Para a ANEME, o Banco de Fomento, poderá ser uma via importante de em termos do PRR apoiar a criação de linhas de crédito bonificadas e simplificadas, de forma a reforçar o equilíbrio financeiro das empresas, permitindo um suporte à manutenção da sua atividade nesta fase conjuntural.
Além disso, a associação defende um apoio à manutenção de postos de trabalho, como o lay-off simplificado, podendo ser a solução para as empresas que tenham de encerrar linhas de produção.
Uma intervenção europeia quanto ao desagravamento de taxas aduaneiras na importação de matérias-primas seria igualmente uma forma de atenuar este impacto inflacionário, advoga a ANEME.
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