Estudo afirma que impacto indireto da guerra será "global e massivo"
A exposição do comércio mundial às economias russa e ucraniana "é limitada", pelo que o impacto direto da guerra deverá restringir-se a certos países e setores, mas o indireto será "global e massivo", conclui um estudo da Euler Hermes.
© Getty Images
Economia Ucrânia/Rússia
"A exposição comercial global às economias russa e ucraniana é limitada e tem vindo a diminuir ao longo do ano passado, o que irá restringir a impacto direto da guerra a certos países (como a Bielorrússia, Moldávia, Polónia, Turquia) e setores (petróleo e gás, fertilizantes, metalurgia, agroalimentar)", aponta a análise da acionista da Cosec - Companhia de seguro de créditos, hoje divulgada.
Ainda assim, sustenta, "o impacto indireto será global, massivo e imediato": "Toda a economia global sofrerá efeitos colaterais devido ao aumento dos preços da energia e das 'commodities' e a disrupções adicionais nas cadeias de abastecimento", alerta.
Embora a invasão da Crimeia, em 2014, não tenha levado a um choque nos mercados de 'commodities', a Euler Hermes refere que "a guerra atual está a gerar uma enorme onda de choque": "A Rússia responde por cerca de 10% do petróleo global e a Rússia e a Ucrânia, juntas, respondem por um quarto das exportações globais de trigo. A Rússia tem, também um papel-chave em muitos metais industriais", justifica.
Uma análise de 'input-output' evidencia que "a Rússia é um fornecedor significativo nas cadeias de valor globais", sendo que "a energia é, de longe, o canal mais importante (à frente dos metais e do agroalimentar) e a Europa é que está mais exposta ao risco de paragem repentina na produção".
Ainda assim, aponta o trabalho, "os efeitos desta situação devem ser limitados".
Na Europa Ocidental, os setores de energia, metalurgia e produtos químicos são destacados como "os que estão mais em risco". Dependendo do cenário, a Euler Hermes estima que o impacto no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro varie entre -1,2 e -2,3 pontos percentuais.
O estudo refere ainda que, se os preços do petróleo e da energia, assim como os preços das 'commodities' não energéticas, permanecerem nos níveis atuais, "os setores metalúrgico e energético são os que correm maior risco de um choque de rentabilidade, podendo perder mais de 20 pontos percentuais de margens EBITDA [resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações], que estavam em torno dos 30% em 2021".
Por seu lado, "um aumento adicional de +50% a 70% nos preços das 'commodities' não energéticas poderá, mesmo, anular todos os lucros em seis dos nove setores analisados".
Adicionalmente, preços mais elevados "podem também desencadear uma quebra na procura, afetando, sobretudo, os setores da energia, metalurgia, equipamentos domésticos e máquinas e equipamentos".
"À medida que aumenta a preocupação dos governos com o prolongamento do conflito e os crescentes efeitos negativos que tal implica ao nível da confiança, esperamos um incremento das medidas de apoio estatal, que poderão atrasar a normalização das insolvências totais em 2022", conclui o trabalho.
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