Porto e Douro podem ser "novo Mónaco" do turismo náutico longe da guerra

Empresários do turismo náutico acreditam que o Porto e o rio Douro podem ser o "novo Mónaco" da Europa, por oferecerem experiências ao ar livre e longe de aglomerados e guerras, mas pedem mais marinas e mão-de-obra qualificada.

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Lusa
23/03/2022 16:48 ‧ 23/03/2022 por Lusa

Economia

Turismo

"O facto de a pandemia ter trazido para cima da mesa uma série de preocupações que se calhar não eram tão prementes, houve cada vez mais a procura de produtos privados, em detrimento de programas de massa, houve cada vez mais a preocupação de estarmos associados a conceitos de sustentabilidade, a programas ao ar livre, tempo de lazer com a família. (...) Sem dúvida foi uma clivagem ainda maior que a pandemia nos trouxe", explicou à agência Lusa a gestora de negócios da Invictus Cruises, Patrícia Carvalho.

A Invictus Cruises, empresa de turismo náutico criada durante a pandemia, é a representante em Portugal da marca italiana Invictus Yacht e acaba de investir 1,5 milhões de euros num barco único no país e o 14.º no mundo, para navegar no Douro.

A embarcação tem capacidade para transportar 12 passageiros e dois tripulantes e oferece pacotes turísticos desenhados à medida dos clientes.

O facto de Portugal estar posicionado, geograficamente, na "cauda de Europa" é uma "coisa muito boa", porque estamos o "mais longe possível de todos os conflitos que surgiram e dos contratempos destes últimos dois anos", observou Patrícia Carvalho.

"De facto, Portugal é visto como um destino seguro, cada vez mais bem preparado para receber os clientes pós-pandemia e, portanto, vamos capitalizando o potencial de crescimento que se tem vindo a verificar", disse.

Patrícia Carvalho justifica que o mercado para o turismo náutico está mais forte com o "aparecimento de infraestruturas hoteleiras e projetos de qualidade" no Porto e no Douro.

O turismo exclusivo, com modelos de barcos recentes, que oferece programas turísticos desenhados à medida dos clientes, são características do turismo náutico no Porto e Douro, porém, Alexandre Soares, gestor de negócios da Ondastar, alerta para a necessidade de criar "mais marinas", "novos cais e locais de amarração", "pontos de abastecimento", mais mão-de-obra qualificada" e "novas estruturas".

"Portugal Continental tem uma costa atlântica bastante difícil, portanto há que apostar no Douro, na sua beleza, nas águas abrigadas. Para isso, precisamos de mais infraestruturas", declarou Alexandre Soares, defendendo que o grande Porto precisava "seguramente" de mais uma marina com a dimensão da Douro Marina, em Vila Nova de Gaia.

Com uma nova marina estar-se-ia a falar de "mais 300 barcos a navegar", "mais postos de trabalho a serem criados" e "mais empresas a poderem viver da manutenção e venda de barcos, mas também do turismo", considera, acrescentando que a procura e reabilitação de barcos "cresceu bastante" no verão passado, pela "segurança e isolamento" que oferece, mesmo com a pandemia.

Alexandre Soares ressalva, todavia, que a criação de novas estruturas no Douro deve ser alvo de estudos, ouvindo "os intervenientes", para não se "desvirtuar a essência do rio Douro".

A falta de mão-de-obra qualificada no turismo náutico é outro dos desafios.

"Surgem, cada vez mais, empresas qualificadas com uma necessidade de transmitir o 'know-how' [saber fazer], para novos profissionais e, para isso, é necessário criarem-se novas condições, seja ao nível de investimento das infraestruturas ou do importante papel de incentivo que as escolas ou instituições formadoras podem desempenhar. A falta de esforço das escolas para a divulgação de oportunidades de emprego na área do turismo náutico acaba por desincentivar a formação de potenciais profissionais", considerou Alexandre Soares.

O gestor da Ondastar acredita que do rio Douro vai ser "uma incubadora para marcas de barcos premium", deixando de ser necessário ir ao Algarve ou Lisboa comprar barcos de luxo.

Os mercados principais do Porto e Norte de Portugal que procuram experiências no setor do turismo náutico são o norte-americano, mas também o mercado canadiano e inglês e algum mercado europeu, como o mercado alemão e holandês, conta Patrícia Carvalho.

O mercado interno também é "muito importante" para o turismo náutico no Norte, designadamente o mercado empresarial, que procura realizar "almoços de trabalho" e atividades de 'team building', e grupos de amigos e/ou famílias que querem programas especiais de convívio.

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