Setor turístico pede cuidado na comunicação sobre abalos em São Jorge

A Associação de Turismo dos Açores e a Associação de Agência de Viagens alertaram hoje que é "preciso ter cuidado na comunicação" para a crise sismovulcânica na ilha de São Jorge não prejudicar o turismo em todo o arquipélago.

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Lusa
04/04/2022 12:34 ‧ 04/04/2022 por Lusa

Economia

Açores

Em declarações à agência Lusa, a delegada nos Açores da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Catarina Cymbron, reconheceu que a situação sísmica que começou a 19 de março na ilha de São Jorge, uma das nove que compõem o arquipélago açoriano, "pode afetar" o turismo dos Açores.

"É muito importante a maneira como se comunica no continente e, principalmente, no estrangeiro, para informar bem sobre aquilo que se está a passar neste momento e que está a afetar apenas a ilha de São Jorge", afirmou.

A dirigente da APVT considerou "fundamental" não "pôr os Açores num global" porque as "pessoas podem ficar com medo" de viajar para a região.

"Neste momento, não temos tido uma chuva de cancelamentos devido à crise sísmica em São Jorge. Mas cria receios, sim, e pode fazer com que as pessoas que quisessem reservar aguardem mais um pouco ou talvez pensem em ir para outro lado", afirmou.

Catarina Cymbron salientou que, após a pandemia de covid-19, as "pessoas estão ávidas de viajar", mas "não querem voltar a pensar em reembolsos ou adiamentos" de viagens.

Por isso, observou, a situação em São Jorge pode levar os interessados em viajar para os Açores a "pensarem duas vezes".

Ainda assim, a diretora da Melo Travel considerou que, "até ao momento", as expectativas para a Páscoa e para o verão continuam a ser "muito boas".

"No verão, não sei se chegamos aos números de 2019, mas espera-se que seja muito positivo. As expectativas são muito boas", assinalou.

O presidente da Associação de Turismo dos Açores (ATA), Carlos Morais, também mantém a "confiança" para a Páscoa e para a época alta, considerando que o verão pode ser o "balão de oxigénio" que o setor precisa após "anos difíceis" devido à covid-19.

"Não temos nenhuma operação cancelada. O que estava programado continua. Algumas até já se iniciaram. Se a questão [sísmica em São Jorge] não passar daqui, penso que não terá reflexos substanciais nas outras oito ilhas", advogou.

Carlos Morais disse que a "única ilha que está a ser prejudicada com esta crise sísmica é São Jorge", segundo as informações disponíveis até ao momento.

"Não tenho conhecimento de 'players' do mercado que estejam noutras ilhas e que tenham tido cancelamentos de reservas", reforçou à Lusa.

O líder da ATA alertou para a "importância da comunicação" para que os indicadores turísticos do arquipélago não sejam afetados pela situação vivida em São Jorge.

"A comunicação é importante, principalmente para quem não tem a noção do arquipélago que são nove ilhas. É preciso ter cuidado nessa comunicação", afirmou.

A maior distância entre as ilhas dos Açores é entre a de Santa Maria, uma das duas do grupo Oriental (a par de São Miguel) e a do Corvo, no grupo Ocidental.

Em causa estão 602 quilómetros, um espaço maior do que o comprimento total de Portugal continental (cerca de 561 quilómetros).

A ilha de São Jorge é uma das cinco do grupo Central do arquipélago dos Açores.

Aquela ilha açoriana contabilizou mais de 26 mil sismos desde 19 de março, de acordo com os dados oficiais mais recentes.

Entre aqueles sismos registados, cerca de 225 foram sentidos pela população.

Cerca de 2.500 pessoas já saíram do concelho das Velas, centro da crise sísmica, das quais 1.500 por via aérea e marítima, e as restantes para o concelho vizinho da Calheta, considerado mais seguro pelos especialistas.

A ilha mantém-se com o nível de alerta vulcânico V4 (ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa "estado de repouso" e V6 "erupção em curso".

Leia Também: Proteção Civil prepara eventual evacuação de São Jorge por via marítima

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