"Estamos a rever as nossas previsões no momento, mas estamos certamente à espera de uma possível desaceleração brusca aqui no Reino Unido e provavelmente também nos EUA", afirmou hoje num evento em Londres da gestora de ativos britânica.
O crescimento económico do Reino Unido abrandou para 0,8% no primeiro trimestre, contra 1,3% no trimestre precedente, e o Produto Interno Bruto (PIB) caiu efetivamente 0,1% em março, segundo o Office for National Statistics (ONS).
O Banco de Inglaterra advertiu no início do mês que o Reino Unido estava em risco de entrar em recessão no próximo ano, enquanto a inflação, impulsionada pelo aumento dos preços da energia e exacerbada pela guerra na Ucrânia, poderia exceder 10% este ano no país.
A instituição monetária aumentou a taxa de juro principal pela quarta vez consecutiva, para 1%, para tentar travar a espiral de aumento dos preços.
Economistas disseram ao jornal The Times que a taxa de juro poderá subir até 2% ainda em 2022.
A inflação, que em março passado se situava em 7%, o nível mais elevado em 30 anos, deverá ter subido novamente em abril, marcada pelo aumento de um limite máximo dos preços da energia no país e pela entrada em vigor de certos aumentos de impostos.
Wade admitiu que o banco central e economistas foram "apanhados de surpresa" por esta subida acentuada da inflação, um resultado da Guerra na Ucrânia, aumento dos preços das matérias-primas, petróleo e alimentos e consequências da pandemia covid-19.
"Uma das grandes diferenças entre este ciclo e outros ciclos que tivemos ao longo dos últimos 20 anos é que porque anteriormente a inflação subjacente não subia tanto se houvesse um choque do petróleo tendia a não afetar a inflação subjacente. Quando o preço do petróleo estabilizava, a inflação caía. Isso não vai acontecer desta vez porque a taxa subjacente subiu", explicou o economista chefe da Schroders.
Outro problema, referiu, é que a contração do mercado de trabalho, que está a travar o crescimento do setor dos serviços por falta de mão de obra, o qual poderia contribuir para um reequilíbrio na economia ao desviar o consumo de outros setores.
A taxa de desemprego no Reino Unido desceu para 3,7% no primeiro trimestre, o nível mais baixo desde 1974, enquanto pela primeira vez desde o início dos registos havia mais vagas de emprego do que desempregados, disse hoje o Office for National Statistics (ONS).
"Isto é realmente uma má notícia porque isso significa que o equilíbrio entre crescimento e inflação vai ser pior, e o nível das taxas de juro necessário para reduzi-la vai ser mais alto", admitiu Wade.
Mas o economista vincou: "A inflação levará mais tempo a cair, mas não acreditamos que as taxas subirão tanto quanto os mercados pensam".
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