Falando aos jornalistas depois de ter visitado vários 'stands' nacionais na feira de Hannover -- que escolheu este ano Portugal como país parceiro --, António Costa abordou o jantar que teve com o chanceler alemão, Olaf Scholz, no domingo à noite, que foi fechado à comunicação social.
Segundo o primeiro-ministro, durante a refeição teve uma "conversa muito longa" com Scholz sobre as "relações bilaterais" entre Portugal e a Alemanha, mas também "sobre a situação na Europa" e como é que os dois países "podem cooperar em conjunto".
"A Europa revelou uma vulnerabilidade grande do ponto de vista energético e Portugal tem condições únicas para ser uma plataforma de fornecimento de energia à Europa", considerou o primeiro-ministro.
No entanto, António Costa não revelou se o chanceler alemão mostrou interesse no que se refere ao abastecimento de gás natural a partir do porto de Sines, à semelhança do que fez o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawieck, que, durante uma visita de Costa à Polónia em 20 de maio, disse que o seu país estava "interessado nesse tipo de cooperação com Portugal".
Questionado se a Alemanha quer receber o gás natural reexportado por Portugal, Costa respondeu: "Não. A Alemanha precisa de gás, ponto. Se ele vier também do porto de Sines, excelente, mas do que precisa basicamente é de gás".
"Esta é mais uma oferta que ajuda a Alemanha, mas não só a Alemanha, ajuda a Polónia, ajuda os países do Leste europeu que estão altamente dependentes até agora do fornecimento de gás russo e que estamos todos numa luta contrarrelógio para aumentar essa independência do conjunto da Europa relativamente ao gás russo", indicou.
O primeiro-ministro defendeu que, para alcançar essa independência, a Europa precisa de "diversificar as fontes e, por outro lado, diversificar as rotas".
"Quanto mais rotas nós tivermos para fornecimentos de energia, menos ficamos dependentes de um só fornecedor, de dois fornecedores, ou de três fornecedores", sublinhou o primeiro-ministro.
Durante uma visita à Polónia em 20 de maio, Costa e o seu homólogo polaco consideraram viável a ideia de abastecimento energético aos países da Europa do leste ser feita a partir do porto de Sines, com Morawieck a salientar a capacidades logísticas dos terminais portuários do seu país em termos de receção e descarga.
Neste ponto, classificou como prioritário o investimento nas interconexões entre a Península Ibérica e o resto da Europa, não só para abastecimento do gás natural proveniente dos Estados Unidos e da Nigéria, mas também, no futuro, para a capacidade nacional de produção de hidrogénio verde, "a baixo custo, beneficiando da facilidade em produção de energia solar".
"Precisamos de respostas imediatas: Estamos a discutir com o Governo polaco, assim como com outros governos europeus, a possibilidade de utilizar o porto de Sines como uma plataforma de transferência a partir de grandes navios metaneiros para outros de média e pequena dimensões. Esses navios mais pequenos terão melhores condições para operar nas zonas mais congestionadas do mar do Norte e do Báltico", especificou o primeiro-ministro português.
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