Crescimento económico global deverá abrandar para 2,9% este ano
O Banco Mundial prevê que o crescimento global caia de 5,7% em 2021 para 2,9% este ano, "significativamente abaixo" dos 4,1% previstos em janeiro, e alerta para o risco acrescido de um cenário de estagflação.
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Economia Banco Mundial
No seu último relatório 'Perspetivas Económicas Globais' ('Global Economic Prospects'), hoje divulgado, o Banco Mundial estima que o crescimento global "se mantenha neste ritmo em 2023-24, à medida que a guerra na Ucrânia causa disrupções na atividade, no investimento e no comércio a curto prazo, a procura acumulada se reduz e a política económica e orçamental acomodatícia é retirada".
"Como resultado dos danos causados pela pandemia e pela guerra, o nível de rendimento 'per capita' nas economias em desenvolvimento ficará este ano quase 5% abaixo da tendência pré-pandemia", antecipa.
No relatório, o Banco Mundial alerta ainda para o "risco aumentado de estagflação, com as consequências potencialmente prejudiciais para as economias com rendimentos médios e baixos" que este cenário de fraco crescimento económico e inflação elevada acarreta.
"Agravando os danos da pandemia de covid-19, a invasão russa da Ucrânia amplificou a desaceleração da economia global, que está a entrar no que pode se tornar um período prolongado de crescimento fraco e inflação elevada", sustenta.
De acordo com o presidente do Grupo Banco Mundial, David Malpass, "a guerra na Ucrânia, os confinamentos na China, as interrupções na cadeia de abastecimento e o risco de estagflação estão a penalizar o crescimento" e, "para muitos países, a recessão será difícil de evitar".
"Os mercados olham para o futuro, por isso é urgente incentivar a produção e evitar restrições comerciais. São necessárias mudanças na política fiscal, monetária, climática e da dívida para combater a má alocação de capital e a desigualdade", acrescenta.
Alertando que "o risco de estagflação é, hoje, considerável", Malpass nota que, "entre 2021 e 2024, o crescimento global deverá abrandar em 2,7 pontos percentuais, mais do dobro da desaceleração registada entre 1976 e 1979".
"Este crescimento modesto irá, provavelmente, persistir ao longo da década, devido ao reduzido investimento na maior parte do mundo. Com uma inflação que está, atualmente, em máximos de várias décadas em muitos países e a oferta a crescer, previsivelmente, de forma lenta, existe o risco de que a inflação continue alta por mais tempo do que o atualmente previsto", refere.
Para reduzir o risco de estagflação, o presidente do Grupo Banco Mundial diz que os esforços em todo o mundo devem concentrar-se em "cinco áreas-chave": limitar os danos sobre as pessoas afetadas pela guerra na Ucrânia, coordenando a resposta à crise; conter o aumento dos preços do petróleo e dos alimentos; intensificar os esforços de alívio da dívida nos países mais vulneráveis; fortalecer os serviços de saúde e os esforços para conter a covid-19 e acelerar a transição para fontes de energia com baixas emissões de carbono.
O relatório de junho das Perspetivas Económicas Globais do Banco Mundial faz uma primeira avaliação sistemática de como as condições económicas globais atuais se comparam com a estagflação da década de 1970, dando particular ênfase ao impacto que a estagflação pode ter nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento.
A recuperação da estagflação da década de 1970 exigiu significativos aumentos das taxas de juro nas principais economias desenvolvidas, que desempenharam um papel proeminente no desencadear de uma série de crises financeiras nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento.
Segundo o relatório, a conjuntura atual assemelha-se à década de 1970 em três aspetos principais: os distúrbios persistentes do lado da oferta que estimulam a inflação, precedidos por um período prolongado de política monetária altamente acomodatícia nas principais economias desenvolvidas; as perspetivas de enfraquecimento do crescimento; e as vulnerabilidades dos mercados emergentes e das economias em desenvolvimento face ao endurecimento da política monetária que será necessário para conter a inflação.
No entanto, o atual cenário também difere do da década de 1970 em diversas dimensões: o dólar está forte, em contraste com a grande fraqueza que evidenciava nos anos 1970, os aumentos percentuais nos preços das 'commodities' são menores e os balanços das principais instituições financeiras são, no geral, fortes.
"Mais importante ainda, ao contrário da década de 1970, os bancos centrais nas economias desenvolvidas e em muitas economias em desenvolvimento têm agora mandatos claros para a estabilidade de preços e, ao longo das últimas três décadas, mantiveram um histórico confiável de cumprimento das suas metas de inflação", salienta o Banco Mundial.
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