"Vamo-nos reunir novamente com todos os sindicatos esta semana, na quinta-feira, para tentar encontrar alguma solução", disse a CEO da companhia aérea, que foi ouvida esta tarde na comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, por requerimento do PS e do PSD.
Na semana passada, os principais sindicatos dos trabalhadores da TAP foram recebidos no Ministério das Infraestruturas e pela administração da empresa, após terem pedido reuniões urgentes sobre o plano de reestruturação, confirmaram à Lusa fontes sindicais.
Questionada sobre a possibilidade de aliviar os cortes salariais dos trabalhadores, Christine Ourmières-Widener realçou que, apesar da recuperação da capacidade de voo, a 90% dos níveis de 2019, as contas não estão ainda equilibradas.
"O acordo de emergência [Acordos Temporários de Emergência (ATE)] foi assinado com todos [os sindicatos]. Não podemos imaginar que seis meses depois de assinar os planos vai tudo estar bem", acrescentou.
Em causa está um comunicado conjunto, enviado em 26 de maio, em que os nove sindicatos pediam uma reunião presencial com a administração da empresa, para decorrer até 03 de junho.
Na mesma nota, os sindicatos, além de anunciarem o pedido de reunião com a administração, teceram várias críticas às políticas que estão a ser seguidas pela empresa.
Afirmando que "os trabalhadores não estão em saldo e exigem respeito", os sindicatos diziam que os trabalhadores "continuam a financiar a companhia".
Os sindicatos, que representam "a esmagadora maioria dos trabalhadores" do grupo TAP, lembraram que no Plano de Reestruturação todos os trabalhadores viram "os seus salários drasticamente reduzidos".
Mas recordaram também palavras da administração de que a TAP "está a caminho de atingir este verão 90% da sua operação de 2019, algo previsto pelo Governo apenas em 2024".
As estruturas apontaram que o Plano de Reestruturação foi justificado pela emergência da pandemia de covid-19, mas defenderam que os acordos temporários com os trabalhadores devem ser "adaptados à realidade" e que "os trabalhadores da TAP continuam a financiar a companhia numa altura em que a empresa atinge índices operacionais muito positivos, com níveis pré-pandemia" de covid-19.
"Ao mesmo tempo, a administração mantém injustificadamente em curso um processo de reestruturação, completamente desajustado da realidade, com graves prejuízos para os trabalhadores", acusaram os sindicatos.
Entre os nove sindicatos que assinaram o documento estão o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC), o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA), o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) e o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC).
Na audição desta tarde, Christine Ourmières-Widener foi também questionada sobre as opções de rotas, em concreto para o Porto, Algarve e ilhas da Madeira e dos Açores, ouvindo críticas sobre o desinvestimento da companhia aérea nestas regiões.
A responsável garantiu que a TAP está disponível para abrir mais ligações para estas regiões, se forem rentáveis.
"É nosso dever cobrir [estas regiões] e, se der dinheiro, abrimos de imediato. Não há nenhuma agenda escondida. A TAP está a caminho de se tornar eficiente e sustentável, mas não nos podemos tornar numa 'low cost' [companhia de baixo custo], não é esse o nosso modelo", sublinhou a CEO.
A gestora lembrou também que a companhia opera atualmente 10 destinos diretos e 17 voos semanais a partir do Porto, garantindo igualmente que está a ser feito investimento no Funchal.
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