O primeiro-ministro admitiu, esta terça-feira, que existe uma "vulnerabilidade" da Europa em termos energéticos e considerou que a oposição que existia por parte de França à aposta de Portugal e Espanha como porta de entrada para resolver este problema energético foi "ultrapassada".
"Creio que essa questão está hoje ultrapassada. Todos na Europa perceberam que a maior vulnerabilidade que a Europa tem é a sua segurança energética", disse aos jornalistas António Costa, que esta terça-feira teve um almoço de trabalho com o presidente francês, Emmanuel Macron, em Paris.
Para o primeiro-ministro, esta vulnerabilidade implica um aumento da produção de energias renováveis e uma diversificação, quer das rotas, quer das portas de entrada de energia na Europa.
"Não podemos depender exclusivamente da Rússia", notou. "A grande vantagem que a Península Ibérica pode oferecer, e em particular Portugal oferece, é, a partir do porto de Sines, ser uma porta de entrada para toda a energia que possa vir do Atlântico, seja dos Estados Unidos, da Nigéria (...) há varias hipóteses", disse, defendendo que um aumento das interconexões entre Portugal e Espanha e Espanha e o resto da Europa "aumentará muito a segurança do conjunto da Europa".
Para reforçar esta ideia, Costa exemplificou. "Para termos noção, só com a capacidade instalada que temos neste momento, de armazenamento de gás, a Península Ibéria seria capaz de suprir 30% das necessidades de gás de toda a Europa", notou.
"Ora, o gás natural é obviamente uma energia em transição, mas temos um enorme potencial para produzir hidrogénio verde e estas infraestruturas que hoje podem servir para o gás, podem amanhã servir para uma mistura de gás com hidrogénio e no futuro desejavelmente só para o hidrogénio verde", acrescentou ainda.
Recorde-se que Costa e Macron reuniram-se para discutir os principais temas da atualidade, como a guerra na Ucrânia e a resposta da Europa ao conflito. Os dois almoçaram no Palácio do Eliseu.
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