"A afirmação de que os trabalhadores da CP têm os ordenados congelados há mais de 10 anos não corresponde à verdade", disse a empresa, num comunicado enviado à Lusa.
A nota responde a declarações do dirigente do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), Luís Bravo, que disse nomeadamente que os trabalhadores têm os ordenados congelados há mais de 10 anos.
A CP explica no comunicado que por determinação do Ministério das Finanças foi decidido que o aumento salarial de 0,9% aplicado este ano à função pública fosse estendido, em sede de negociação coletiva, às empresas do setor empresarial do Estado, caso da CP.
Por esse motivo, a empresa negociou com todos os sindicatos um novo AE, que foi assinado pela "esmagadora maioria dos sindicatos", que tem "diversos benefícios para os trabalhadores", e decorrente do qual se fará o aumento salarial de 0,9% retroativo a janeiro, para todos os trabalhadores de sindicatos aderentes, explica-se na nota, acrescentando-se ser falso que o novo AE piore as condições de trabalho.
Luís Bravo nas declarações à Lusa afirmou que a administração da CP impôs o novo AE "com piores condições de trabalho", e lamentou que trabalhadores que começam o turno por exemplo às 05:00 e saem depois das 00:00 "têm que se deslocar em viaturas próprias", pelo que cerca de 20% do seu salário "já vai só para se fazerem deslocar para o trabalho".
Segundo a administração, os trabalhadores em causa estão nesses horários, em média, seis dias por mês, e em regra a CP "garante transporte de e para o local de trabalho", além de que a empresa "paga mensalmente um abono para esse fim que corresponde a um valor superior a 100 euros".
A administração da CP disse também ser mentira que os concursos para a categoria profissional de operadores de revisão e venda fiquem por preencher, considerando ser "irreal" afirmar que há trabalhadores desta carreira a pedirem rescisão da empresa pelos motivos apresentados.
O dirigente do SFRCI tinha dito que os turnos de trabalho e as folgas rotativas e um "aumento brutal do custo de vida" têm levado os trabalhadores mais novos a pedir a rescisão da empresa, e que os concursos de adesão de novos colaboradores têm ficado vagos.
Os trabalhadores ferroviários operacionais, onde se incluem os revisores e os trabalhadores das bilheteiras, a sul de Pombal, estiveram em greve no domingo. Para dia 23 está também agendada uma greve de 24 horas para os trabalhadores ferroviários operacionais, a norte de Pombal.
Leia Também: Greve na CP suprime 277 comboios até às 18h00 deste domingo