"As vendas e as cadeias de suprimentos foram muito afetadas em todo o mundo e não achamos possível retomar a nossa atividade em breve" na Rússia e na Bielorrússia, especifica, em comunicado, o grupo Ingka, que administra a maioria das lojas Ikea.
Como muitas empresas estrangeiras, a Ikea suspendeu as operações na Rússia e na Bielorrússia no momento em que Moscovo iniciou a invasão à Ucrânia.
"Infelizmente, a situação não melhorou e esta guerra devastadora continua", destacou o grupo, acrescentando que "decidiu entrar numa nova fase de redução das atividades da empresa na Rússia e na Bielorrússia".
O grupo explicou que as atividades de vendas "serão interrompidas e que a força de trabalho será reduzida, o que implica que muitos funcionários serão afetados".
O porta-voz da Ingka referiu à agência France-Presse (AFP) que a empresa, que emprega 12.500 dos 15.000 funcionários da Ikea na Rússia, ainda não pode adiantar detalhes sobre o número de dispensas.
O Ingka acrescentou que planeia vender o seu "stock de móveis" e que a produção na Rússia "reduzirá a sua força de trabalho e começará a procurar um novo comprador para as suas quatro fábricas".
Os dois departamentos de compras e logística, em Moscovo e Minsk, também serão permanentemente encerrados.
O sindicato da fábrica da Ikea em Tikhvin, na região de Leningrado, revelou que "os salários serão pagos e o seguro de saúde mantido até 31 de agosto" e que "a partir de 01 de julho, o governo garantirá aos funcionários a entrega de sete a oito salários de compensação".
"Metade dos funcionários será convidado a sair", destacou este sindicato, que apelou aos funcionários para se unirem para exigir "garantias" aos novos proprietários, bem como 12 a 18 salários para uma saída voluntária.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 15 milhões de pessoas de suas casas -- mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 7,5 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou que 4.452 civis morreram e 5.531 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 112.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
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