Bruxelas admite tetos no gás perante "cenários extraordinários"

O comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, admitiu hoje a introdução de tetos ao preço do gás na União Europeia (UE), quando se teme cortes no fornecimento russo à Europa, mas apenas perante "cenários futuros extraordinários".

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Lusa
14/07/2022 11:53 ‧ 14/07/2022 por Lusa

Economia

Paolo Gentiloni

"A Comissão está a considerar, entre os diferentes cenários, também a possibilidade de, em situação de emergência, colocar em cima da mesa propostas de limites de preços" do gás, afirmou Paolo Gentiloni, falando em conferência de imprensa, em Bruxelas.

No dia em que o executivo comunitário divulgou previsões macroeconómicas de verão, que alertam que um corte de gás à Europa pode acentuar inflação e asfixiar o Produto Interno Bruto (PIB), o responsável europeu pela tutela salientou que "esta não será uma proposta que se irá decidir nos próximos dias e na situação atual".

"Esta é uma evolução possível em caso de cenários de corte. A Comissão foi convidada, pelo Conselho, a analisar esta questão e estamos a fazê-lo e a considerá-lo para cenários futuros extraordinários e não como uma decisão a ser tomada hoje", insistiu Paolo Gentiloni.

Para o comissário europeu, "a diversificação é também um grande desafio para toda a União", pelo que é necessário haver "diferentes fornecedores de gás provenientes de África, do Azerbaijão e não apenas da Rússia".

A Comissão Europeia avisou hoje que um eventual corte do fornecimento de gás pela Rússia à Europa no inverno, com consequente aumento dos preços, poderia "pressionar mais a inflação e asfixiar o crescimento", admitindo "riscos" económicos.

Nas previsões macroeconómicas de verão, hoje divulgadas, o executivo comunitário avisa que "os riscos para a previsão da atividade económica e da inflação dependem fortemente da evolução da guerra e em particular das suas implicações para o fornecimento de gás à Europa".

"Os novos aumentos dos preços do gás poderão impulsionar ainda mais a inflação e asfixiar o crescimento" do PIB, acrescenta a instituição.

Numa altura em que se assinalam quase cinco meses da invasão russa da Ucrânia e em que os preços batem máximos, especialmente 'puxados' pelo setor energético, Bruxelas atualiza então as previsões económicas de verão com um cenário de abrandamento económico e de alta inflação.

Esta posição é defendida depois de o executivo comunitário ter anunciado um plano de emergência europeu para precaver um eventual corte total de fornecimento de gás russo.

Em meados de maio, a Comissão Europeia alertou para o risco de uma "grave rutura de abastecimento" de gás no próximo inverno na UE, devido aos problemas no fornecimento russo, propondo mais armazenamento e admitindo o recurso ao mecanismo de compras conjuntas.

Ao mesmo tempo, a instituição solicitou aos países da UE que atualizem os seus planos de contingência, peçam aos operadores de transporte que acelerem medidas técnicas para aumentar o fluxo e ainda que realizem acordos de solidariedade, já que só 18 dos 27 países têm infraestruturas para armazenar gás natural.

A guerra na Ucrânia, causada pela invasão russa do país no final de fevereiro passado, agravou a situação de crise energética em que a UE já se encontrava.

As tensões geopolíticas devido à guerra na Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros.

Em Portugal, o gás russo representou, em 2021, menos de 10% do total importado.

Leia Também: Pressão nos aeroportos ainda não afeta turismo português, diz Gentiloni

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