A informação é divulgada pelo comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, no dia em que as previsões macroeconómicas do executivo comunitário, esta quinta-feira publicadas, admitem que um eventual corte de gás russo à Europa possa vir a acentuar inflação e a asfixiar o crescimento económico.
"Na próxima semana, apresentaremos as nossas propostas para o que chamamos de preparação para o inverno, dado que esta não é apenas uma estação do ano, mas também pelo risco que acarreta" a eventual rutura de fornecimento energético da Rússia, anuncia Paolo Gentiloni, em entrevista à agência Lusa e outros meios europeus, em Bruxelas.
"Evidentemente, esperamos que isto não se concretize, mas temos de nos preparar", acrescenta.
Em causa está um plano de emergência europeu para precaver um eventual corte total de fornecimento de gás russo.
"Vejo um quadro geral de uma UE a tentar preparar-se para o pior e é claro, se o pior acontecer -- e não estamos na mente do Presidente [russo], Putin, para saber se isso irá acontecer -- isso irá afetar, em diferentes níveis, muitos países europeus e penso que devemos reagir com um nível de solidariedade ainda mais forte", adianta Paolo Gentiloni.
Segundo o responsável italiano, existem também já "muitos esforços" feitos pelos Estados-membros, que tem vindo a apostar em reforçar o armazenamento, que está já a mais de 60% no conjunto da UE, mas também em diversificar o fornecimento de energia.
Nas previsões macroeconómicas de verão, esta quinta-feira divulgadas, o executivo comunitário avisa que "os riscos para a previsão da atividade económica e da inflação dependem fortemente da evolução da guerra e em particular das suas implicações para o fornecimento de gás à Europa".
Em meados de maio, a Comissão Europeia alertou para o risco de uma "grave rutura de abastecimento" de gás no próximo inverno na UE, devido aos problemas no fornecimento russo, propondo mais armazenamento e admitindo o recurso ao mecanismo de compras conjuntas.
Ao mesmo tempo, a instituição solicitou aos países da UE que atualizem os seus planos de contingência, peçam aos operadores de transporte que acelerem medidas técnicas para aumentar o fluxo e ainda que realizem acordos de solidariedade, já que só 18 dos 27 países têm infraestruturas para armazenar gás natural.
A guerra na Ucrânia, causada pela invasão russa do país no final de fevereiro passado, agravou a situação de crise energética em que a UE já se encontrava.
As tensões geopolíticas devido à guerra na Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros.
Em Portugal, o gás russo representou, em 2021, menos de 10% do total importado.
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