Grécia (também) rejeita proposta para reduzir consumo de gás em 15%

O Governo grego rejeitou hoje a proposta da Comissão Europeia (CE) de reduzir em 15% o consumo de gás natural nos países da União Europeia, alinhando com Espanha e Portugal, que também se manifestaram contra uma diretriz obrigatória.

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Lusa
21/07/2022 15:39 ‧ 21/07/2022 por Lusa

Economia

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O porta-voz do Governo, Yannis Ikonomu, disse, em conferência de imprensa, que o executivo grego "não concorda com a proposta da Comissão", e sublinhou que a Grécia continua a apoiar e insistir nas propostas que apresentou à CE, que pretendem impor regras sobre os preços do gás natural a nível europeu, e também avançar para a armazenagem conjunta pela União Europeia.

Ikonomu salientou que o Governo grego "faz tudo o que está ao seu alcance para que não seja necessário implementar recomendações deste tipo" e sublinhou que as propostas da Grécia podem de facto dar soluções para contrariar a crise energética que assola os países europeus.

O debate do plano europeu de redução de 15% do consumo de gás natural está marcado para o conselho extraordinário de energia da União Europeia da próxima terça-feira, mas Portugal e Espanha já avisaram que se vão opor à proposta.

"Estamos completamente contra", afirmou o secretário de Estado do Ambiente e da Energia em declarações ao jornal Expresso. "Isto não se pode aplicar a Portugal. Portugal é contra esta proposta da Comissão, porque ela não tem em atenção as diferenças entre países", sustentou João Galamba.

Ao jornal Público, o governante explicou que o Governo português "não aceita" a proposta de Bruxelas porque esta ignora que Portugal não tem interligações com o resto da Europa e que o consumo de gás no país se dirige essencialmente à indústria e à produção de eletricidade.

A agência Lusa questionou o Ministério do Ambiente e Ação Climática e o Ministério dos Negócios Estrangeiros sobre se o Governo português já manifestou formalmente a Bruxelas a sua oposição à proposta da Comissão Europeia (CE), mas não obteve resposta até ao momento.

Embora afirmando compreender que "há países que não se protegeram e agora pedem ajuda", o secretário de Estado do Ambiente e da Energia critica a CE por desenhar uma proposta "insustentável", que obriga o país a ficar sem eletricidade.

"Estamos a usar o gás por absoluta necessidade", sublinhou o governante nas declarações ao Público, dizendo que "Portugal irá opor-se" à aprovação de uma medida "insustentável" e "desproporcional", que precisa do voto favorável de uma maioria qualificada no Conselho Europeu.

Segundo o secretário de Estado, "toda a lógica do racionamento solidário pressupõe sistemas interligados e parece que a Comissão Europeia se esqueceu dessa realidade", pelo que é caricato que "um país que foi prejudicado anos e anos por não ter interligações" e que "teve de comprar sempre o gás mais caro" seja agora "chamado a um mecanismo de solidariedade que pressupõe interligações".

A vice-presidente do Governo espanhol e ministra da Transição Ecológica, Teresa Ribera, assegurou hoje que o Governo vai exortar os consumidores e as empresas a poupar energia, mas "não vai aprovar uma lei que obrigue a baixar o termóstato" e serão "recomendações", mas não imposições.

A CE apresentou na quarta-feira um plano europeu de redução do consumo de gás na União Europeia (UE) de 15% até à primavera, quando se teme corte no fornecimento russo, admitindo avançar com redução obrigatória da procura perante alerta.

O objetivo é que, entre 01 de agosto deste ano e 31 de março de 2023, os Estados-membros reduzam em 15% os seus consumos de gás natural (face à média histórica nesse período, considerando os anos de 2017 a 2021), de forma a aumentar o nível de armazenamento europeu e criar uma almofada de segurança para situações de emergência.

As tensões geopolíticas devido à guerra na Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros.

Em Portugal, o gás russo representou, em 2021, menos de 10% do total importado.

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