Espanha alarga "mecanismo ibérico" a indústrias com "grande consumo"
Espanha vai alargar o designado "mecanismo ibérico" que impõe um teto ao preço de gás comprado para produzir eletricidade a indústrias com instalações de cogeração muito dependentes do gás, anunciou hoje o primeiro-ministro Pedro Sánchez.
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Economia Espanha
A medida vai abranger indústrias como a cerâmica, os têxteis, o papel, o setor químico ou os fertilizantes, que representam 20% do Produto Interno Bruto (PIB) Industrial de Espanha e que desta forma, face à escalada dos preços da energia, "vão poder continuar a operar e a garantir o emprego", afirmou Sánchez, num debate no Senado espanhol.
"Vamos aprovar uma exceção para as instalações de cogeração das indústrias com grande consumo de gás permitindo que de forma temporária fiquem cobertas pelo mecanismo ibérico. Trata-se de uma medida excecional para tempos excecionais como os que estamos a viver que foi pedida pela própria indústria", disse o líder do Governo espanhol, uma coligação do partido socialista (PSOE) com a plataforma de partidos de esquerda Unidas Podemos.
Sánchez reiterou que o "mecanismo ibérico", uma exceção na União Europeia, negociada com Bruxelas por Portugal e Espanha, que separa o preço do gás no mercado grossista do preço da eletricidade cobrado aos consumidores pelas empresas elétricas, tornou as faturas da luz 15% mais baratas para espanhóis e portugueses em relação ao que seriam se não existisse este instrumento.
"Em pouco mais de três meses", o "mecanismo ibérico", em vigor desde 14 de junho, originou "uma poupança de dois mil milhões de euros" às famílias e empresas em Espanha, afirmou.
O primeiro-ministro lembrou as medidas de apoio a famílias e empresas que o Governo espanhol tem adotado desde o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro, e disse que superam já os 30 mil milhões de euros, mais de 2% do PIB de Espanha, que é o quarto país da União Europeia que "proporcionalmente mobilizou "mais recursos" em "defesa da classe média trabalhadora".
Entre as medidas adotadas nestes meses, e hoje lembradas por Sánchez, estão a redução de mais de 80% dos impostos globais sobre a eletricidade, a descida para 5% do IVA (imposto sobre o consumo) da eletricidade e do gás, o desconto direto de 20 cêntimos por litro na compra de combustíveis, o reforço de bolsas de estudo, os descontos e gratuitidade de passes de transportes públicos ou a distribuição de um cheque de 200 euros a famílias com menores rendimentos.
A inflação em Espanha está acima dos 10%, segundo os dados e estimativas oficiais relativos aos aumentos dos preços nos meses de julho e agosto, comparando com 2021.
Sánchez reiterou hoje que a expectativa das instituições financeiras nacionais e internacionais é que a inflação desça nos próximos meses e que Espanha feche o ano de 2022 com uma taxa média de 8% no conjunto do ano.
Segundo dados da Associação Espanhola de Cogeração (AECOGEN), a atividade de instalações de cogeração ligadas à indústria caiu 60% por causa dos preços do gás e o setor reclamava há semanas ser abrangido pelo "mecanismo ibérico", para ficar em pé de igualdade com as centrais de produção de eletricidade de ciclo combinado.
Ao abrigo deste mecanismo, as elétricas recebem uma compensação pela diferença entre o preço real do gás no mercado e o máximo decidido pelos governos de Portugal e Espanha, mas os sistemas de cogeração tinham ficado de fora.
A cogeração é um sistema que gera, no mesmo processo, energia elétrica e "calor útil", aplicando-se, por exemplo, nas indústrias que usam vapor e/ou água quente ou que têm processos de secagem como os da cerâmica, segundo explica a ACOGEN na sua página na internet.
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