Ao Diário Económico, o antigo ministro e ex-governador do Banco de Portugal assumiu-se como o responsável pelo “primeiro défice orçamental em 40 anos”. E reconhece agora que esse mesmo défice até deveria ter sido maior.
Um pouco a contragosto, Silva Lopes acabou por ser o ‘pai’ do primeiro défice do pós-25 de Abril, uma situação que o próprio admitiu em entrevista ao Diário Económico ter sido “desconfortável”. Mas embora reconheça que os défices se tenham tornado ‘hábito’ das finanças públicas nacionais nos últimos 40 anos, ex-ministro considera que teria sido melhor para Portugal esse primeiro défice ter sido maior.
Na altura, além das mudanças no país, Portugal enfrentou ainda uma crise europeia e uma subida acentuada do preço do petróleo e de outras matérias-primas. Estas dificuldades teriam merecido um maior uso da política orçamental, realça agora o economista.
Silva Lopes reconheceu que “no tempo de Salazar nunca houve défices orçamentais”, mas fez questão de comparar o investimento residual que então se fazia em áreas como a saúde e a educação. Acrescentando que o país “progrediu extraordinariamente” nas políticas sociais. A título de exemplo, Silva Lopes comparou, entre outros, os 1,8% do PIB que se gastava em educação em 1973 com os atuais 6%.