Fitch Ratings baixa para 2,8% previsão de crescimento da China em 2022

A agência de notação financeira Fitch Ratings reduziu a estimativa de crescimento do PIB da China para 2,8%, em 2022, face ao impacto das medidas de prevenção contra a covid-19 e à debilidade do setor imobiliário.

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Lusa
16/09/2022 08:37 ‧ 16/09/2022 por Lusa

Economia

China

A análise da Fitch "reflete um declínio maior do que o previsto no [crescimento] do PIB [Produto Interno Bruto] da China" em 2022, face a uma contração "mais acentuada e longa" no mercado imobiliário e à "deterioração das perspetivas globais", lê-se no relatório Perspetivas Económicas Globais, publicado na quinta-feira pela agência.

O valor fica muito abaixo da meta oficial delineada por Pequim, de "cerca de 5%", e 0,9% abaixo da última previsão feita pela agência.

No segundo trimestre do ano, a economia chinesa contraiu 2,6%, face ao trimestre anterior, e alcançou um aumento homologo de 0,5%.

Entre março e junho, o isolamento de Xangai, a "capital" financeira do país, e de importantes cidades industriais como Changchun e Cantão, tiveram forte impacto nos setores serviços, manufatureiro e logístico do país.

A atividade económica recuperou em junho, depois do desconfinamento de Xangai, mas o impulso caiu acentuadamente em julho, com as vendas no comércio a retalho, o investimento em ativos fixos e a produção industrial a exibirem desacelerações acima do esperado, observou a agência.

"Tivemos uma tempestade perfeita para a economia global nos últimos meses, com a crise do gás na Europa, uma forte aceleração nos aumentos das taxas de juros e uma queda cada vez maior no mercado imobiliário na China", descreveu Brian Coulton, economista-chefe da Fitch Ratings.

O setor imobiliário do país asiático está a registar uma contração mais longa do que o previsto, segundo a agência. No conjunto dos primeiros sete meses do ano, as vendas caíram 27%, em termos homólogos. A construção de habitações novas caiu 37%.

O investimento em imobiliário representa cerca de 14% do PIB chinês.

No ano passado, os reguladores chineses passaram a exigir às construtoras um teto de 70% na relação entre passivo e ativos e um limite de 100% da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no setor, que foi agravada pelas medidas de combate à covid-19.

A falta de liquidez entre as construtoras levou a atrasos ou paragens na construção de apartamentos vendidos antes da sua conclusão. Milhares de compradores estão a recusar a continuar a pagar a prestação do imóvel.

"Estes são de longe os piores números desde que o mercado imobiliário privado foi estabelecido na China e não estão a mostrar sinais de recuperação", lê-se na nota da Fitch Ratings.

A agência reviu também a previsão de crescimento da China em 2023, para 4,5%, menos 0,8% do que na análise anterior.

Leia Também: Produção industrial chinesa regista aumento de 4,2% em agosto

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