A intervenção teve lugar depois de o dólar ter chegado a valer 145,90 ienes, o que exigia que fosse adotada "uma medida firme", disse o ministro das Finanças japonês, Shunichi Suzuki, em conferência de imprensa.
"O Governo não pode deixar que ocorram movimentos repentinos por especulação, por isso decidimos tomar esta medida", acrescentou o ministro, referindo que as autoridades japonesas se mantêm atentas à evolução do mercado.
Após a operação, num valor que não foi especificado, a divisa japonesa registou uma valorização e o dólar seguia a valer entre 140 e 142 ienes.
Suzuki não quis explicar se a intervenção envolveu consultas com outros países ou se foi uma decisão unilateral.
A intervenção teve lugar horas depois de o vice-ministro das Finanças para os Assuntos Internacionais, Masato Kanda, ter dito que as autoridades estavam preparadas para tomar medidas "a qualquer momento", depois de o dólar ter ultrapassado hoje a barreira dos 145 ienes, atingindo um máximo de 24 anos em relação à divisa nipónica.
Esta foi a primeira vez desde 1998 que o Japão intervém no mercado de divisas para apoiar o iene. Tóquio teve uma outra intervenção em 2011, mas dessa vez com o objetivo contrário: travar a valorização da sua moeda face ao dólar, uma ação concertada com outros países do G7.
A queda do iene registada hoje teve lugar após a reunião mensal do banco central japonês, que optou por manter inalterada a sua política monetária, com taxas em níveis muito baixos, enquanto os seus homólogos europeu (BCE) e norte-americano (Reserva Federal) têm optado por uma subida agressiva das taxas de juro para travar a inflação.
O governador do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda, insistiu que a "política monetária não tem como objetivo controlar a divisa, mas a inflação" e reiterou que a entidade não tem a intenção de subir as taxas de juro enquanto a economia não tiver recuperado da pandemia.
A disparidade entre as políticas monetárias do Japão e de outros países, que começaram a adotar medidas de aperto monetário em março, tem levado a uma desvalorização acentuada do iene, sobretudo em relação ao dólar, depois de a Fed ter decidido cinco aumentos consecutivos da sua taxa de juro nos últimos seis meses.
O dólar registou uma valorização de mais de 20% face à moeda japonesa desde o início do ano.
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