No relatório de atualização das perspetivas económicas e orçamentais 2022-2026, a instituição presidida por Nazaré Costa Cabral prevê uma aceleração do crescimento da economia portuguesa para 6,7% este ano face aos 4,9% registados em 2021.
A revisão em alta de 1,9 pontos percentuais (p.p.) face ao previsto em março resulta sobretudo do "forte desempenho" registado no primeiro semestre.
Contudo, para o próximo ano revela-se mais pessimista, esperando um "abrandamento expressivo" do crescimento para 1,2%, um corte de 1,6 p.p. face a março, refletindo as pressões inflacionista, o abrandamento da procura externa e o agravamento das condições de financiamento da economia.
"O menor contributo da procura interna traduz as dinâmicas de desaceleração projetadas para a globalidade das suas componentes (em especial consumo privado e público), enquanto a redução no contributo das exportações líquidas reflete a expectativa de uma desaceleração acentuada nas exportações de bens e serviços, parcialmente mitigada por um abrandamento esperado nas importações", explica.
O CFP calcula que o consumo privado cresça 5,1% este ano e 0,5% no próximo, o consumo público 1,9% em 2022 e 0,3% em 2023, enquanto o investimento se fixe em 3,6% este ano e 2,9% no próximo.
Já as exportações deverão aumentar 17,8% este ano, caindo para uma expansão de 3,6% no próximo, enquanto as importações sobem 12,1% este ano e 2,6% em 2023.
O cenário do CFP, que assenta em políticas invariantes, prevê ainda que após uma aceleração no crescimento do PIB para 2% em 2024, este deverá estabilizar em torno de 1,8% no médio prazo.
A instituição indica que com a nova projeção, o nível do PIB real estará, em 2022, 2,4% acima do seu nível pré-pandemia e antecipa "que o nível de médio prazo para o PIB real projetado no pré-pandemia (outubro de 2019) só deverá ser atingido em 2025".
Contudo, a instituição alerta que o cenário macroeconómico que traça é marcado pela "elevada incerteza", com, diz, "os riscos a serem predominantemente de natureza externa, e a penderem de forma descendente para o crescimento da atividade económica e de forma ascendente quanto à inflação".
Entre os riscos aponta o agravamento do conflito na Ucrânia, que "poderá levar a uma eventual interrupção do fornecimento de bens energéticos da Rússia à Europa", bem como o eventual agravamento das pressões inflacionistas, que podem levar à "manutenção ou reforço das medidas covid-zero na China, que prolonguem os constrangimentos nas cadeias de produção e distribuição globais" e "a inflação (incluindo bens energéticos e alimentares) transmitir-se à inflação subjacente".
"Neste último caso, o aumento das expectativas de inflação no médio prazo poderá ter como consequência uma normalização mais rápida da política monetária e consequente agravamento das condições de financiamento da economia -- com consequências mais significativas para Portugal devido ao elevado endividamento das famílias e empresas", adverte.
Identifica ainda como riscos o arrefecimento da procura global por turismo internacional, assim como atrasos na sua execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) poderão levar a "uma Formação Bruta de Capital Fixo substancialmente inferior à projetada".
"Por outro lado, o atraso na sua execução e o aumento nos preços do investimento poderão levar a um impacto negativo em termos reais -- para o montante de investimento já planeado em termos nominais não ser possível realizar o investimento planeado em volume", conclui.
[Notícia atualizada às 15h11]
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