No relatório de atualização das perspetivas económicas e orçamentais 2022-2026, publicado hoje, a instituição "projeta a intensificação das pressões inflacionistas em 2022, sendo antecipada uma aceleração na taxa de inflação, medida pelo IHPC [Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC)], para 7,7%".
A atualização representa uma revisão em alta face aos 3,9% previstos em março.
Esta taxa fixa-se acima do referencial de 7,4% com que o Governo está a trabalhar, segundo indicou, o primeiro-ministro, em entrevista à TVI em 12 de setembro, e uma revisão em alta face aos 4% previstos no Orçamento do Estado para 2022.
O CFP explica que "a inflação em 2022 deverá refletir sobretudo as dinâmicas esperadas para o preço dos bens alimentares e energéticos nos mercados internacionais, a depreciação do euro e a manutenção de restrições do lado da oferta".
Contudo, a instituição presidida por Nazaré da Costa Cabral prevê um abrandamento gradual da taxa de inflação a partir do próximo ano, "em linha com o gradual desvanecimento das pressões inflacionistas e progressiva normalização da oferta".
Antecipa, assim, para 2023 uma taxa de 5,1%, ainda assim acima dos 2,2% previstos em março, e calcula que a taxa seja 2,2% em 2024 e 1,9% em 2025 e 2026.
Contudo, a instituição alerta que o cenário macroeconómico que traça -- e assenta em políticas invariantes - é marcado pela "elevada incerteza", com "os riscos a serem predominantemente de natureza externa, e a penderem de forma descendente para o crescimento da atividade económica e de forma ascendente quanto à inflação".
Entre os riscos aponta o agravamento do conflito na Ucrânia, que "poderá levar a uma eventual interrupção do fornecimento de bens energéticos da Rússia à Europa", bem como o eventual agravamento das pressões inflacionistas, que podem levar à "manutenção ou reforço das medidas Covid-zero na China, que prolonguem os constrangimentos nas cadeias de produção e distribuição globais" e "a inflação (incluindo bens energéticos e alimentares) transmitir-se à inflação subjacente".
"Neste último caso, o aumento das expectativas de inflação no médio prazo poderá ter como consequência uma normalização mais rápida da política monetária e consequente agravamento das condições de financiamento da economia -- com consequências mais significativas para Portugal devido ao elevado endividamento das famílias e empresas", adverte.
[Notícia atualizada às 15h14]
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