Miguel Pina Martins falava à Lusa no final do almoço-conferência com a secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Rita Marques, organizado pela AMRR e que decorreu em Lisboa.
"Acima de tudo, o que procuramos hoje em dia no comércio, de forma genérica, por exemplo aqui no caso dos centros comerciais, é que exista uma relação para os centros comerciais que permita que seja um mercado regulado como é o mercado de arrendamento normal", afirmou o presidente da associação.
"Já temos vindo a pedir isso há algum tempo e voltamos a pedir, não tem qualquer tipo de custo para o Orçamento do Estado", insistiu Miguel Pina Martins.
"Este tema da regulação é muito importante, o Estado limitou o aumento das rendas até 2% [no pacote para mitigar o impacto da inflação], isto não é válido para os centros comerciais, os centros comerciais continuam a aumentar as rendas e até podem aumentar 10%, 20%", argumentou o responsável.
Para o responsável, trata-se de "uma medida que pode ser relevante para impedir aumentos das rendas que muitas vezes estão indexadas à inflação".
Sobre o comércio em si, "obviamente que é muito importante conseguirmos manter as condições para as pessoas poderem continuar a comprar coisas", pelo que "são importantes estas medidas de reforço do poder de compra e das pessoas e, acima de tudo, que os custos de certas matérias-primas como do gás, da eletricidade e do gasóleo e da gasolina não terminem com o orçamento familiar", prosseguiu.
"Parece-nos também importante continuar a reforçar esse tipo de medidas, depois temos coisas mais transversais do comércio que também estamos disponíveis para nos sacrificar", como é "o tema dos horários, que é uma questão relevante que pode de certa maneira permitir que exista uma poupança de energia também do nosso lado e que possamos também poupar em alguns custos", apontou Miguel Pina Martins.
Questionado sobre o ponto de situação em relação a mudanças de horários, o presidente da Associação de Marcas de Retalho e Restauração disse ser algo que não está "ainda totalmente definido".
"Os nossos associados têm vindo a pedir" essa análise à questão dos horários, continuou, referindo que "realmente não faz sentido uma loja estar aberta às 23:55 quando já não há pessoas a passar no centro comercial", explicou.
Esta é "uma questão que temos de ver, temos de estudar para encontrar uma proposta que consiga manter o equilíbrio dentro dos associados, que permita que possa existir alguma poupança de energia e dos recursos humanos", nomeadamente "quando se fala da semana de quatro dias".
Miguel Pina Martins recordou que, nos centros comerciais, a semana é de sete dias contínuos de trabalho, pelo que é preciso "encontrar pessoas para fazer estes dias todos".
Sobre se considera ser possível avançar com essa redução de horários, o presidente da associação foi perentório: "Acho que é perfeitamente exequível, é uma questão de perceber os tráfegos".
O responsável admitiu que uma medida destas poderia ser implementada antes do Natal.
"Tem a ver com o tema da energia, vemos que a Europa está a adotar medidas muito restritivas ao uso de energia, principalmente os países que dependem mais da Rússia e nós estamos abertos (...), claro que temos dias que faz sentido estarmos abertos até mais tarde: sexta-feira e sábado, obviamente são dias com mais movimento, agora à segunda e terça-feira não se passa muita coisa", argumentou.
Mas afiançou que ainda não há uma "posição definida da associação" sobre esta matéria, pelo que é preciso analisar primeiro.
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