Vítor Bento, atual presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), falava a título pessoal na conferência "O impacto da nova ordem mundial na economia europeia", no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
"Apelo para que se contenha a ansiedade social que tem vindo a ser expressa, porque isso está a desencadear campeonato de medidas populistas", disse o economista durante uma intervenção num painel sobre quais devem ser as prioridades da política económica à luz da nova ordem geoestratégica, na conferência organizada pelo jornal Eco.
Para Vítor Bento, se tais medidas vierem a ser adotadas, irão acabar "por piorar a nossa situação", pelo que defendeu que são "as famílias carenciadas que têm de ser apoiadas".
Considerando que o Banco Central Europeu (BCE) "andou distraído muito tempo", argumentou que "é preciso é ter determinação na aplicação dos remédios necessários", isto é, a subida das taxas de juro subir.
O economista apontou ainda para a necessidade de "contenção orçamental" para evitar contágios.
Também a presidente do Conselho das Finanças Públicas, Nazaré da Costa Cabral, intervindo igualmente a título pessoal no mesmo painel, concordou com a ideia de uma "escolha mais fina, mais seletiva de conjunto de medidas particularmente dirigida a famílias mais vulneráveis".
"Admito que se a crise perdurar e de facto no próximo ano acontecerá, como forma também de conter efeitos orçamentais que essas medidas possam ter, os Estados optem por medidas mais seletivas", disse.
Para a economista, em causa poderão estar "medidas cirúrgicas, desenhadas para famílias mais carenciadas", alertando que o Estado português tem uma elevada dívida pública face ao PIB, ainda que tenha alertado que "as famílias portuguesas de um modo geral têm rendimentos que não são elevados".
Uma posição partilhada pelo economista João Moreira Rato, chairman do Banco CTT e ex-presidente do IGCP - Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, que falando também a título pessoal, considerou que ser "preciso agora é medidas que se foquem em quem tem mais dificuldades", defendendo que a redução da dívida pública é "crucial".
Para o economista, "ainda não se está a ver uma grande eficácia das politicas monetárias contra a inflação".
"Nada nos garante que isto não continue e que impacto de luta contra inflação seja maior do que se esta à espera", disse.
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