"Como eu morei em Angola muito tempo e também no Brasil, tivemos a ideia de criar os mototáxis aqui", disse à Lusa o cofundador Tiago Lousada, que lançou a Ixat (inversão da palavra táxi) juntamente com Elisabete Anjos Oliveira, responsável da parte jurídica.
Segundo Tiago Lousada, o serviço de mototáxi "é uma coisa que não existe aqui em Portugal", e irá funcionar com os motoristas "a fazer as viagens como se fossem os TVDE [Transporte Individual e Remunerado de Passageiros em Veículos Descaracterizados a partir de Plataforma Eletrónica], mas de mota, que é muito mais rápido e muito mais barato".
"Eu moro em Gaia. Se eu quiser ir para o Porto de manhã, às oito e meia nove da manhã, demoro 45 minutos ou uma hora para chegar ao Porto. Se for de mota, é muito mais rápido", disse Tiago Lousada à Lusa, lembrando a possibilidade de circular pelos corredores BUS.
A ideia também surgiu a partir da observação dos cancelamentos de viagens TVDE e para tentar contrariar a "dificuldade" de obter um serviço, já que as plataformas e os motoristas "cancelam muitas viagens até se conseguir arranjar um carro".
Os mototáxis Ixat estarão disponível de forma "mais forte" no Porto, Lisboa e Algarve, "mas a aplicação vai estar disponível no país todo", disse, admitindo que "onde há maior densidade" haverá mais motoristas.
No arranque, que acontece hoje, a empresa conta já com "cerca 100 motoristas", que se foram pré-inscrevendo junto da empresa antes do arranque oficial da operação.
Alguns dos requisitos impostos pela empresa para os motoristas poderem operar são, por exemplo, ter mais de 25 anos de idade e três de carta de condução de motos, e dois capacetes, um para o condutor e outro para o passageiro.
"O capacete é desinfetado quando o utilizador chega à mota, e tem de ter seguro para passageiros: o seguro de mota normal e o seguro de responsabilidade civil para ocupantes", explicou o cofundador, juntamente com Elisabete Anjos Oliveira.
A mota tem ainda de ter uma "mala atrás para dar mais conforto ao utilizador", e com capacidade para 40 litros, para permitir o transporte de objetos, que ali têm de ir "devidamente acondicionados, por questões de segurança".
O transporte será também proibido a menores de 16 anos.
Acerca da identificação dos veículos, por exemplo, com o dístico TVDE, como acontece nos carros, Tiago Lousada explicou que não existirá, uma vez que "ainda não existe nenhuma licença para mototáxis" como "existe para os TVDE".
"Juridicamente nós temos aqui um vazio legal e, portanto, estamos a aproveitar, para já, este vazio. É natural que esta matéria venha a ser regulada", assume Elisabete Anjos Oliveira.
Segundo a responsável jurídica da empresa, "desde que estejam asseguradas todas as regras de segurança, é possível avançar-se com este tipo de serviço".
Além do transporte de passageiros, a Ixat vai ainda contar com um serviço de estafetas para transporte, por exemplo, de documentos ou objetos, recorrendo a um código de confirmação da entrega.
Há também o objetivo de que sejam utilizadas motos elétricas, com uma parceria com a Silence, do grupo Auto-Industrial, havendo um incentivo monetário a que os motoristas contratados usem este tipo de veículos.
O projeto conta com um financiamento de 100 mil euros por parte de um investidor, e a empresa pretende continuar a captar fundos.
"Já temos mais investidores a falar, mas eu e a Elisabete decidimos que até ao final deste ano não vamos abrir mais capital para ninguém. Queremos também sondar um bocadinho o mercado", explicou Tiago Lousada à Lusa.
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