O coordenador da Frente Comum, Sebastião Santana, revelou, esta sexta-feira, que o Governo não levou novidades à reunião com os sindicatos da Função Pública, sendo que foi apresentada a mesma proposta das últimas reuniões. A estrutura reitera que a proposta do Executivo é de "empobrecimento" e considera que há "espaço" para melhor.
"O Governo manteve exatamente a mesma proposta que trouxe na última reunião, que é objetivamente uma proposta de empobrecimento", disse Sebastião Santana, em declarações aos jornalistas, no final do encontro com o Governo.
A proposta salarial, na opinião de Sebastião Santana, "fica muito aquém da perda de poder de compra este ano" e acrescentou: "Este ano os trabalhadores da Administração Pública já perderam um ano de salário".
"Insistimos que é uma proposta de empobrecimento e que o Governo tem espaço, tem tempo e tem orçamento para resolver este problema aos trabalhadores", acrescentou.
Perante este quadro, e a par do apelo à participação na manifestação que a CGTP tem marcada para este sábado, Sebastião Santana afirmou que a Frente Comum não deixará de analisar formas de luta porque não vai aceitar "esta proposta de empobrecimento".
Questionado sobre se este quadro poderá levar à convocação de uma greve ainda este ano, o líder da Frente Comum, não fechou a porta.
"Vamos avaliar isso no quadro dos sindicatos da Frente comum e assim que houver uma decisão torná-la-emos pública. Se pode ser ainda este ano? Pode perfeitamente", disse, ressalvando ser possível que se desenvolva alguma forma de luta ainda antes da votação do Orçamento do Estado.
"Não sei se é uma greve, se é uma manifestação, se é outra coisa, mas não fechamos datas, não atiramos isto apenas para o próximo ano", precisou.
A ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, e a secretária de Estado da Administração Pública, Inês Ramires, recebem hoje as estruturas sindicais para reuniões suplementares pedidas pelos sindicatos.
A Frente Comum foi a primeira estrutura sindical a ser recebida, seguindo-se a Frente Sindical coordenada pelo STE (Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado) e a Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap).
Estas reuniões decorrem no âmbito da negociação suplementar, solicitada pelas estruturas sindicais, depois de o Governo ter proposto um acordo plurianual que contempla aumentos salariais entre 8% e 2%, para 2023, com um mínimo de cerca de 52 euros por trabalhador e a valorização das carreiras gerais de técnico superior, assistente técnico e assistente operacional.
A proposta do Governo contempla ainda um aumento do subsídio de refeição dos atuais 4,77 euros para 5,20 euros.
No total, o conjunto das medidas de valorização das diferentes componentes remuneratórias tem um impacto que, segundo o Ministério da Presidência, supera os 1.300 milhões de euros em 2023.
Para os dirigentes das estruturas sindicais da função pública, a proposta do Governo é insuficiente não repondo a perda de poder de compra resultante da subida da inflação em 2022 e da previsão da subida dos preços em 2023.
[Notícia atualizada às 11h33]
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